No Dia dos Pais, professor acreano e marido falam sobre adoção do filho de 9 anos: “O amor que chegou”

“A chegada dele trouxe mais amor para nossas vidas” – foi o que disse o acreano e professor universitário Sandro Thomaz Gouveia, de 53 anos, sobre o seu filho adotivo, o pequeno Gabriel Thomaz, de 9 anos.

Sandro, que mora atualmente em Fortaleza e é casado com Antônio Sílvio Queiroz, de 44 anos, disse que ele e seu marido sempre sonharam em ser pais. Há pelo menos 10 anos os dois começaram a fazer visitas em orfanatos para encontrar uma criança. Em 2013, quando decidiram vir ao Acre para visitar os pais de Gouveia, foram surpreendidos.

Gabriel e Sandro são acreanos; Antônio é cearense/Foto: Arquivo pessoal

“Uma mulher que trabalhava como secretária na casa da minha mãe, em Rio Branco, muito próxima da nossa família, nos disse que a mãe de uma criança estava disposta a dar ela para adoção, especialmente à uma família que tivesse condições financeiras de cuidar e amor o suficiente para oferecer”, contou o professor universitário.

O acreano disse que sentiu o coração pulsar mais forte no momento em que ouviu o que disse a secretária.

“Na mesma hora, meu coração bateu mais forte, eu e o meu marido conversamos e decidimos conhecer o Gabriel. Pagamos as passagens dele e da mãe, que estavam em Feijó, e os dois vieram para Rio Branco. Nos apaixonamos por ele, imediatamente, de cara”, continuou.

Thomaz tinha apenas 2 anos e 2 meses, na época. Ao receber um sim da mãe biológica sobre o processo de adoção, o casal já tratou de iniciar todos os trâmites legais na justiça para ganhar a guarda.

“Lembro que não nos desgrudamos mais. Ele era um criança tão linda e encantadora”, afirmou o pai. “Ao mesmo tempo que estávamos ali com ele, grudados, precisávamos aguardar a decisão da justiça, a burocracia de documentação e visitas, e isso tudo deixava a gente um pouco tenso. Não tínhamos ainda a guarda dele, mas já estávamos emocionalmente ligados. Nem pensávamos na possibilidade de não conseguir adotá-lo”, disse Sandro.

Gabriel é ensinado desde muito cedo sobre diversidade e respeito ao próximo/Foto: Arquivo pessoal

A tão aguardada decisão chegou em dezembro de 2013. “Aí sim, fechamos o ciclo. Ele passou a ser nosso filho no papel, porque já era no coração. No início foi desafiador viver a paternidade, por conta da inexperiência, mas aprendemos juntos”, salientou.

Quando questionado sobre o que Gabriel representa para a sua vida e a do esposo, Sandro se emocionou: “Gabriel é nossa vida. É o amor que chegou para deixar tudo ainda mais significativo e belo. Nossos planos são para ele, para o futuro dele e para que se sinta a pessoa mais feliz desse mundo”.

O garoto, que é o amor da vida dos avós e dos outros integrantes das duas famílias, sabe desde cedo sobre suas origens e sua história.

“O Gabriel sabe tudo sobre a história de vida dele. É uma parte significativa de quem ele é e se construiu. Fizemos questão de contar tudo e criar uma relação de transparência”, argumentou o pai.

“Pais gays que ensinam sobre respeito à diversidade”

Sandro afirmou à reportagem do ContilNet que ele e o marido conversam com o filho sobre o “respeito à diversidade e aos outros” desde que ele era muito pequeno e destacou que o pequeno “não faz distinção de pessoas por orientação sexual, cor de pele ou gênero”.

“Somos pais gays e não só por isso falamos desde cedo com o Gabriel sobre respeito à diversidade a aos outros. Tratamos isso com ele também porque somos seres humanos e entendemos que as pessoas devem ser felizes sendo quem elas são”, destacou.

“O nosso filho é uma pessoa incrível e um ser humano que entendeu desde muito cedo o que de fato vale a pena nessa vida. Ele não faz acepção de pessoas por orientação sexual, cor e/ou gênero. Ele tem contato com outras crianças que fazem parte de outros tipos de família e isso pra ele está muito claro e bem resolvido. Nós precisamos ensinar a nossos filho que o respeito é a base de tudo”, disse.

Uma perda irreparável nos últimos dias

Sandro perdeu no domingo (1), uma semana antes do Dia dos Pais, o seu genitor, o ex-funcionário da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), Cleomar Freire Gouveia, o Gouveião.

“Perdi o outro grande amor da minha vida, a pessoa que me ensinou a ser pai e desde muito cedo os valores mais importantes”, comentou.

Seu Cleomar foi um dos profissionais mais importantes da Aleac. Foto: cedida

O professor universitário disse também que Gouveião lhe deu muito apoio quando decidiu adotar o pequeno Gabriel e que o avô era muito apegado ao neto.

“Ele amava incondicionalmente o Gabriel e os dois tinham uma ligação linda. Ele deixa muitas saudades e um bom exemplo para todos nós”, explicou.

O que constitui família?

“Amor, entrega, pessoas dispostas a amar. Não é sobre ter o mesmo sangue, mas sobre criar laços”, finalizou.

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