A variante Delta do coronavírus, que foi identificada pela primeira vez na Índia e já se espalhou para vários países, incluindo o Brasil, e tornou-se uma preocupação mesmo para os locais onde a vacinação contra o vírus está avançada, pode ter chegado ao Acre.
Ao ContilNet, a Vigilância em Saúde do Estado confirmou que 141 casos suspeitos da variante estão sendo investigados. Os exames foram enviados para análise em dois laboratórios: 45 no Instituto Evaldo Chagas e 96 que foram em parceria com Merieux, explica o assessor técnico da Diretoria de Vigilância em Saúde, enfermeiro Marcos Vinicius.
O assessor não soube informar em quanto tempo os resultados ficarão prontos.
Se confirmados os casos, a disseminação da variante pode colocar o Acre novamente em medidas mais restritas como fechamento de comércio e home office. Isso porque em países onde a vacinação está ainda mais avançada que no Brasil, a nova cepa do vírus tem feito os gestores recuarem e repensarem as reaberturas.
Sobre a variante
A variante Delta está por trás de uma nova onda de infecções em Israel, Reino Unido, Estados Unidos e países asiáticos, como China e Indonésia. Estudos apontam que a cepa é muito mais transmissível e tem maior probabilidade de evadir o sistema imunológico. O cálculo da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que a variante delta se torne a cepa predominante em todo o mundo.
A variante seria tão contagiosa quanto a catapora e mais contagiosa do que do que outros vírus da família dos coronavírus, como Mers e Sars, bem como Ebola e varíola, além do resfriado comum ou da gripe sazonal. Estudos mostram que ela se replica de forma mais rápida nos infectados, gerando maior carga viral.
A cepa tem se espalhado rapidamente no Rio de Janeiro, com aumento de 50% nos casos da variante nos últimos 10 dias. Lá, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou um aumento na hospitalização de idosos por Covid, após quatro meses de queda.
A Delta já é predominante em pelo menos 25 países, segundo dados do “Our World in Data”, projeto ligado à Universidade de Oxford
Sintomas
A variante Delta causa sintomas específicos, como dores de cabeça, de garganta, coriza e febre.
Nessa cepa, não é muito comum a perda de olfato e paladar, são sintomas de um resfriado leve, o que pode fazer com que as pessoas não deem a devida importância e continuem circulando, levando o vírus para outros lugares. A flexibilização das medidas de isolamento favorecem a propagação da variante.
Vacinação x Delta
As vacinas são poderosamente efetivas contra casos graves de Covid-19 e mortes decorrentes de contágio por qualquer variante do vírus, incluindo a Delta.
Já pensando no perigo da variante, no dia 20 de julho o Ministério da Saúde anunciou que enviaria doses extras de vacina contra a Covid-19 ao Acre e outros estados de fronteira com o Peru, por exemplo, que além da Delta, tem a cepa Lambda.
Um documento que vazou esta semana dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, órgão ligado ao Departamento de Saúde dos Estados Unidos, aponta que a variante tem maior probabilidade de infectar vacinados e pode desencadear doenças mais graves nos não vacinados em comparação com todas as outras variantes de coronavírus conhecidas.
Um estudo feito no Reino Unido, apontou que as vacinas da AstraZeneca e da Pfizer são eficazes contra a variante delta após as duas doses. O Butantan está realizando estudos para analisar se a CoronaVac também é.
Esta semana o Governo do Acre autorizou a antecipação da segunda dose da Pfizer de 90 para 21 dias, mas apenas Cruzeiro do Sul vai antecipar. Rio Branco decidiu priorizar a vacinação dos adolescentes entre 12 e 17 anos, visando o retorno das aulas presenciais, no dia 8 de setembro.
Transmissão
Estudos apontam que a transmissão da variante Delta é 1000 vezes superior à da cepa original.
De acordo com o CDC, a Delta em pessoas vacinadas pode produzir cargas virais semelhantes àquelas que não foram vacinadas e estão infectadas com a Delta.
Apesar disso, o documento afirma que a probabilidade de pessoas vacinadas espalharem o vírus, se infectadas, é muito mais rara em comparação com pessoas não vacinadas, diz o jornal americano Washington Post.
As recomendações para evitar o contágio pelo coronavírus são as mesmas. A vacinação completa, com duas doses, medidas de isolamento social e o uso de máscaras continuam sendo a melhor forma de evitar a propagação das variantes do vírus.
Atualização: Nesta segunda-feira (9), a Secretaria de Saúde (Sesacre), entrou em contato com a reportagem e informou que as “amostras são enviadas ao Instituto Evandro Chagas e ao Instituto de Tecnologia no Rio de Janeiro (parceria com o Laboratório Merieux) regularmente para que os órgãos tenham o controle das variantes em circulação”, sendo portanto, diferente da informação passada pela Vigilância Sanitária, apenas “uma ação de rotina”.