Cruzeiro do Sul comemora 117 anos de histórias, relevância e valor: “Tenho muito orgulho da minha cidade”

28 de setembro. Esta data é comemorado o aniversário de Tim Maia, Roberta Miranda e até a fundação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, mas para os acreanos, a data é importante pelo aniversário do município de Cruzeiro do Sul, que neste ano comemora 117 anos. O município, que fica há aproximadamente 632 km da capital Rio Branco, apesar de distante, é importante para o Estado, Brasil e o mundo.

Cruzeiro do Sul leva o nome da constelação que ocupa menor área no céu meridional e fica próxima ao Polo Sul, mas é a mais conhecida entre os brasileiros. Além disso, a constelação serve como relógio, pois a linha formada por suas estrelas Alfa e Gama giram em torno do polo em aproximadamente 24 horas. A constelação também está na Bandeira do Brasil e dá o nome à Ordem militar mais importante do país.

Assim como a pequena e importante constelação, a cidade de Cruzeiro do Sul, apesar de não ser pequena territorialmente, o município fica afastado da capital acreana, mas também possui importância para a economia, história e questões ambientais do Acre. Nesse município é localizado parte do Parque Nacional da Serra do Divisor, onde fica o maior ponto de biodiversidade amazônico, além disso, a cidade é conhecida pela fabricação de farinha de mandioca, que em 2017 recebeu o selo de identificação geográfica, que protege o modo de fazer a iguaria acreana.

Além disso, a importância afetiva da cidade é muito grande dentre os nascidos da capital do Juruá, como a funcionária pública Terezinha Messias, que mora em Rio Branco há 35 anos, mas lembra de Cruzeiro do Sul com muito carinho e sempre que pode visita a cidade. “Eu passei minha infância lá e foi maravilhoso, porque tinha tudo o que precisava, pois contava apenas com as brincadeiras para ser feliz. Minhas maiores lembranças, além dos amigos e familiares que lá deixei, são as comemorações do Novenário de Nossa Senhora da Glória e do aniversário da cidade”, afirma.

Terezinha na Catedral de Nossa Senhora da Glória. Foto: Arquivo Pessoal

Terezinha também lembra dos momentos marcantes e até históricos que passou em Cruzeiro do Sul, como a eleição de Orleir Cameli, que a funcionária conta com orgulho de fazer parte da mesma família do ex-governador do Acre.

“Orleir Cameli foi eleito prefeito de Cruzeiro do Sul nas eleições municipais de outubro de 1992. Na época eu tinha 22 anos, já morava em Rio Branco, mas participei ativamente do processo eleitoral. Como prefeito pavimentou ruas, construiu escolas e interligou a Capital ao Juruá. Teve uma trajetória política brilhante, que merece ser lembrada.”, afirma Terezinha.

Terezinha com o marido Clealdon Moura, à esquerda, e Gladson Cameli, à direita, no Novenário de Nossa Senhora da Glória. Foto: Arquivo Pessoal

Já Carina Melo, que morou em Cruzeiro do Sul até 2018, afirma que um dos momentos mais marcantes que viveu no município foi a queda do avião da Rico em 2002, um período histórico que ficou marcado na mente de muitos cruzeirenses. “Lembro que eu era criança mas as cenas desse dia em específico ficaram marcadas na minha mente, até os detalhes do noticiário. Foi algo muito forte, principalmente por nossa cidade ser relativamente pequena, isso afetou muita gente. No ano anterior havia ocorrido o ataque às torres gêmeas nos EUA, acidente que também envolvia aviões, e isso foi um fato que marcou o mundo”, conta.

Carina é acadêmica de jornalismo e precisou de mudar para Rio Branco em 2018 quando ingressou na Universidade Federal do Acre (Ufac), mas conta com carinho os bons momentos que passou na capital do Juruá, como a procissão em honra à Nossa Senhora da Glória e o aniversário de Cruzeiro do Sul.

“Sempre no dia 15 de agosto toda família se reunia para fazer a tradicional caminhada da procissão, a maioria das crianças esperavam ansiosamente por esse dia, porque tínhamos a oportunidade de ir à praça brincar, comer e se divertir no parque de diversões (que vinha uma vez ao ano). Na época não entendíamos muito bem o sentido religioso da cerimônia, mas guardo muitas lembranças. Outro evento marcante para nós era o aniversário da cidade, pois sempre no dia 28 de Setembro podíamos desfilar representando nossas escolas, além de presenciar diversas atrações culturais na praça central”, lembra a estudante.

A vista da Biblioteca onde Carina trabalhava. Foto: Arquivo Pessoal

“Tenho muito orgulho da minha cidade, nosso território possui uma cultura muito bonita, e o território possui uma fauna e flora riquíssimas . Cruzeiro do Sul possui uma história linda e marcante, mas que infelizmente é pouco valorizada. A arquitetura da cidade também se destaca, os prédios antigos contam muito sobre seu passado. Mudei para Rio Branco em 2018, consegui me adaptar bem à capital, mas sempre existia no peito a saudade da minha terrinha natal”, diz Carina.

Com a pandemia e a paralisação das aulas, Carina voltou para Cruzeiro do Sul para ficar perto da família e com o ensino remoto da Ufac, ela pôde prolongar sua volta até o retorno das aulas presenciais em Rio Branco, mas afirma que “sempre vai se sentir “fora do ninho”, com saudade de algo ou alguém”.

Carina na Biblioteca Pública Padre Trindade. Foto: Arquivo Pessoal

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