Funcionários da Saúde denunciam que pessoas roubam cartão de vacinação sem se imunizar

Profissionais de saúde denunciam que pessoas estão indo aos postos para tentar roubar o comprovante de vacinação sem se vacinarem. Em um dos casos, um homem que se disse militar ameaçou uma técnica de enfermagem para aplicar a vacina sem o líquido do imunizante.

Quando uma pessoa vai se vacinar, antes da vacina ser aplicada é entregue o comprovante de vacinação para que a pessoa confira se os dados estão corretos, é nesse momento que a maioria dos casos acontece.

“A gente dá o comprovante na mão da pessoa para ela conferir os dados e, no momento que eles têm, esses caras tentaram evadir da unidade com o papel na mão (…) Em grupos de profissionais da saúde, a gente está recebendo relatos diariamente dessas tentativas”, completou uma profissional da saúde.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que, desde o início do mês de setembro, quatro pessoas conseguiram fugir dos postos sem tomar a vacina. O secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, afirmou que a situação é lamentável.

“É lamentável ver situações como essa. A primeira coisa que a pessoa faz quando chega a um posto de vacina é informar o CPF. Pelo CPF, a gente também vai aplicar as multar que fugiram com o cartão de vacina. E também, pelo CPF vamos fazer o registro de ocorrência. É muito triste essa atitude e a gente não espera ver mais cenas como essa”

Homem afirmou que era militar para não tomar vacina

Um dos casos mais agressivos foi de um homem que se identificou como militar e xingava e ameaçava os profissionais do posto de saúde depois que não conseguiu o comprovante sem se vacinar.

“Durante esse momento de preparação da vacina ele falou que não queria tomar vacina, que era só para poder enviar a seringa porque tinham pessoas olhando e ele não queria me prejudicar. Eu falei que isso não é correto, que a gente não faz. Profissional de saúde não está ali para poder simular a vacinação”, disse a funcionária.

“Aí foi o momento que ele viu que ele não ia conseguir usar os argumentos dele para poder me convencer a não vaciná-lo e começou a se ele se irritar. Falou que era militar e que era só eu enfiar agulha nele e que não precisava enviar aquele líquido nele. Eu falei para ele que ele tinha direito de não tomar vacina, mas essa prática na unidade de saúde no Rio de Janeiro ele não ia conseguir”, completou.

Fraude de documento oficial é crime

Casos como esses cresceram essa semana depois que a prefeitura começou a exigir que cariocas e turistas apresentem o comprovante de vacinação para entrar em locais de uso coletivo, como academias, teatros, cinemas e pontos turísticos. A medida começou a valer na quarta-feira (15), e a maioria das pessoas se sente mais segura com ela.

Além de estar contrariando uma medida de saúde pública em um momento de pandemia, quem foge com o cartão de vacinação sem se vacinar está cometendo fraude de documento oficial, crime previsto no artigo 297 do Código Penal com pena de até dois anos e meio.

No Rio, a Câmara de Vereadores aprovou e o prefeito sancionou uma outra lei que prevê multa de R$ 1 mil para quem tentar fazer isso. O infrator que não pagar a multa terá o nome inscrito na dívida ativa do município. Agentes públicos que participarem da fraude receberão uma multa administrativa de R$ 1,5 mil.

“A gente, enquanto profissional de saúde, acredita que a vacina está salvando. A gente está vendo isso nos resultados a diminuição dos casos de Covid. Se deparar com isso hoje, é um retrocesso”, afirmou uma profissional de saúde.

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