Uma mulher de 36 anos teve o rosto esfaqueado, na região do queixo, pelo ex-companheiro, um homem de 46 anos. O suspeito teve prisão preventiva decretada e foi localizado em uma borracharia no último fim de semana por policiais civis da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), em Porto Velho.
O ataque contra a vítima aconteceu no momento que ela cobrou o suspeito sobre a pensão do filho.
Um dos investigadores do caso disse à reportagem que durante o depoimento da filha da mulher, uma criança de 10 anos, a mesma contou que o homem ainda ameaçou matar sua mãe enquanto afiava uma faca.
A policial ainda destacou que mesmo em risco de morte, a vítima não quis ir para a casa da mulher. A Casa da Mulher é uma Unidade de Apoio à Mulher Vítima de Violência Doméstica (UAMVVD). Segundo a Deam, esse é o terceiro inquérito contra o homem.
Crime
De acordo com o boletim de ocorrência, a equipe médica da Upa da Zona Leste acionou a Polícia Militar (PM), no dia 17 de setembro, para atender uma ocorrência de tentativa de homicídio, onde uma mulher tinha lesões nas costas e no rosto, feitas por golpes de faca.
Na época, a vítima disse que estava em casa quando o ex chegou para pegar o filho que o casal tem. No entanto, a mulher cobrou a pensão.
Com a cobrança, o homem ficou nervoso, pegou uma faca e foi para cima dela e começou a esfaqueá-la. Depois, fugiu. A mulher foi socorrida e encaminhada à Upa da Zona Leste, onde recebeu o socorro médico.
Ameaça: cárcere da mente
A ameaça quando a vítima é mulher, crime também classificado como pertencente ao rol da violência doméstica, apresentou um aumento de 2.367 para 2.453 ocorrências registradas no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2021. Os dados foram informados ao g1 pela Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec).
De acordo com a delegada Fabiana Moreira, é importante que a vítima faça o registro da ocorrência quando for ameaçada, pois é dessa forma que a autoridade policial pode tomar conhecimento da situação.
As delegacias especializadas no atendimento à mulher oferecem a estrutura para receber a vítima, mas a mulher pode se dirigir a qualquer delegacia.
“É importantíssimo que essa mulher compareça a uma delegacia de polícia para fazer o boletim de ocorrência. É uma forma de evitar um mal maior e para que as autoridades tenham conhecimento do que está ocorrendo. Assim ela pode ser amparada por meio da medida protetiva ou até mesmo ser encaminhada a uma casa de acolhimento [caso haja risco iminente de morte]. Mas é preciso que ela dê o primeiro passo, o registro de ocorrência”.
A mulher que está em um relacionamento de violência, vivencia, de acordo com especialistas, o ciclo da violência, que é composto por três fase: tensão, agressão e lua de mel. Esse ciclo, dentro do relacionamento, tende a se repetir muitas vezes.
O crime de ameaça, no ciclo da violência, se enquadra na agressão psicológica e emocional, que é quando o homem, muitas vezes, além de agredir fisicamente a companheira, a manipula por meio de palavras opressoras, deixando-a cada vez mais fragilizada. Além de ameaça, os crimes de difamação, calúnia, injúria e lesão corporal, fazem parte do rol violência doméstica.