A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos do Acre (Sintect-AC), Suzy Cristiny, e o senador Márcio Bittar (ex-MDB), relator da Medida Provisória que estabelece a privatização da empresa estatal, estão em pé de guerra. Depois que a sindicalista acusou o senador de ter feito no Senado uma audiência pública apenas com as pessoas favoráveis à venda da empresa, Márcio Bittar disse que Suzy Cristiny não está falando a verdade e que ele está disposto debater o caso em quantas audiências forem necessárias.
A sindicalista participou do ato realizado na frente do Congresso Nacional para protestar contra a privatização dos Correios e para reivindicar uma nova audiência pública capaz de abrir debate de opiniões contrárias sobre a matéria que tramita no Senado, sob a relatoria do senador acreano. De acordo com a sindicalista, houve articulação do governo para que a sessão marcada para a última quarta-feira (20), fosse realizada apenas com pessoas favoráveis à venda da estatal, sendo que outra audiência pública seria marcada exclusivamente para aqueles que defendem que a empresa deva continuar pública.
“Existe a necessidade de realizar o confronto de ideias, mas Márcio Bittar marcou uma audiência somente com os favoráveis à privatização e outra com os contrários. É importante existir o debate com a participação de pessoas com ideias divergentes, como, também, o debate em várias outras comissões, o que seria suficiente para o esclarecimento do papel dos Correios e a possibilidade da falta de serviço”, afirmou a presidente do Sintect-AC.
“Isso não é verdade. Fizemos duas audiências e, ao que parece, a representação do Acre na audiência não compareceu porque estaria doente, algo assim. O fato é que queremos debater isso à exaustão e estamos fazendo isso desde que o projeto saiu da Câmara dos Deputados”, disse Márcio Bittar. “Não temos nada á esconder porque somos de uma corrente ideológica que entende que a participação do Estado em determinados negócios tem que ser o mínimo possível, No nosso entendimento, o Estado tem que cuidar da Saúde, da Educação e da Segurança Pública. O resto tem que ser com a inciativa privada”, disse Bittar.
O protesto em Brasília foi organizado pela Federação dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos do Acre (Fentect). Há mais de dois meses os trabalhadores buscam apoio de parlamentares e realizam atos para evitar a venda da empresa.
Para a presidente do Sindicato do Acre, os Correios têm um papel importante para o fortalecimento da economia acreana, mas precisa de vontade política para isso, já que a empresa tem condições financeiras para melhorar os serviços.
Márcio Bittar disse que espera concluir os debates até o final do ano para levar seu relatório, a favor da venda dos Correios, para votação. “Acho que já passa da hora de uma decisão. O Congresso nacional tem que votar isso e parar de empurrar o caso com a barriga”, disse o senador. “Se bem que, neste caso, vejo o Senado bem dividido”, disse.