Na semana em que a deputada federal acreana Mara Rocha apareceu na convenção nacional do PSDB, em Brasília, denunciando a tentativa de compra de seu voto para o governador de São Paulo, João Dória, nas prévias para a escolha do candidato do Partido à presidência da República (os outros dois candidatos são o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio), foi impossível não lembrar de um outro escândalo sobre o assunto envolvendo tucanos graduados. Foi em 1997, após a aprovação da emenda à Constituição Federal que permitiu a criação do instituto da reeleição e que beneficiou diretamente o então presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, então no poder e que conquistaria, graças à manobra, mais um mandato.
O caso, denunciado inclusive pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), tomou ares de escândalo envolvendo um grupo de acreanos, deputados federais no exercício do mandato e um personagem da política local, o empresário Narciso Mendes de Assis.
Para a imprensa nacional e para a historia que conta os bastidores daquele escândalo, o empresário, que já foi deputado estadual e deputado federal pelo Acre por dois mandatos, é, na verdade, o “Senhor X”, como foi batizado, pelo jornal “Folha de S. Paulo”, que denunciou o caso, o homem que gravou deputados federais acreanos confessando candidamente terem votado à favor da emenda graças ao pagamento de R$ 200 mil, a mando de FHC, através de ministros ligados ao Palácio do Planalto.
As gravações foram feitas inicialmente com os então deputados federais Ronivon Santiago e João Maia, os quais foram sumariamente cassados na época. O escândalo envolveria ainda outros três deputados federais pelo Acre – Osmir Lia, Chicão Brígido e Zila Bezerra, todos já fora da política e inocentados na época.
O homem que esteve no olho do furacão do episódio, o próprio Narciso Mendes, em entrevista exclusiva ao ContilNet, disse aos jornalistas Wania Pinheiro e Tião Maia, que não foi ele o “Senhor X”. Atribuiu as gravações a um jornalista que não se recusou a declinar o nome, embora se saiba ter sido o entãoo diretor sucursal do jornal paulista em Brasília, Fernando Rodrigues.”Ele trouxe um gravador do Japão para gravar essas reuniões”, disse Narciso Mendes, omitindo o nome do jornalista.
O empresário, de 75 anos, falou também sore sua vida pessoal. Disse que saiu a política, mas a política não saiu – nem sairá – dele. “A política foi a amante que eu mais amei mas a que mais me traiu”, disse.
Confira a entrevista na íntegra:
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