Após seis anos de fundação, os moradores da Comunidade Indígena Paravá puderam celebrar o pertencimento.
Residentes do bairro Vila Romana, eles ainda são pouco conhecidos em Campo Grande, mas estão decididos a mudar essa realidade e a manter a tradição. No sábado (13), eles promoveram a I Noite Cultural no local, com a realização de apresentações culturais e um concurso que elegeu dois representantes da beleza indígena.
Orgulhoso do momento, o cacique da comunidade, Silvio Hortêncio Fialho, celebrou a trajetória dos moradores até a noite cultural. “Quando nós entramos aqui, entramos com 55 famílias e hoje estamos com 72 famílias. Nós viemos aqui em busca de emprego, porque na nossa aldeia, na nossa origem mesmo, na Aldeia Bananal, ficou muito difícil para nós por causa do emprego, por causa da escola. Por isso resolvemos vir para cá em busca de melhorias”, explica Fialho, que mora em Campo Grande há dez anos.
Para ele, o evento é uma forma de valorizar os moradores, que lutaram por cada melhoria conquistada ao longo dos anos e de mostrar que a intenção da comunidade nunca foi deixar a cultura para trás.
Opinião semelhante a de um dos organizadores técnicos do evento, o estudante de biologia Genilson Roberto Flores. “Eu vim para Campo Grande em busca de melhorias e de estudo”, ressalta. Da etnia kinikinau, ele também trabalha como professor e confessa que o carinho pelo curso de graduação está intimamente ligado a sua herança. “Eu escolhi a biologia pela natureza, o que tem tudo a ver com o indígena”, pontua.
Beleza
A I Noite Cultural da Comunidade Indígena Paravá também elegeu os mais bonitos da aldeia. Os primos Nel da Silva Fialho, 18 anos, e Ariane da Silva Hortêncio Fialho, 14 anos, foram os escolhidos pelos jurados como Mister e Miss Paravá, respectivamente.
Para o júri chegar à decisão, os jovens desfilaram com roupas típicas e de gala. Além disso, os meninos que concorriam ao título de Mister, apresentaram a dança kipae, conhecida popularmente, como a dança do bate pau. Para finalizar, o cantor Juliano Barreto também se apresentou no evento.
Uma das juradas da noite, Ana Karla Zahran, comentou a importância do evento para a comunidade. “Eu acho muito importante todo movimento de afirmação cultural. Estou muito feliz de estar aqui nesse dia, sendo o primeiro evento que eu vou agora no final da pandemia”, frisa. O corpo de jurados foi formado ainda por Ana Cláudia, Helaine Bitencourt, Lucia Martins Coelho Barbosa, Maria Auxiliadora Bezerra, Marcos Terena, Tatiana Ujacow e Sulivan Terena.
“Hoje estamos mostrando a importância da nossa identidade cultural, da nossa língua, principalmente nesses debates internacionais de mudanças climáticas. Nossas crianças, por mais doutores que eles se formem, nunca devem esquecer as suas raízes”, acredita o líder indígena Marcos Terena, que atua como articulador dos direitos indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU).