O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo que a vacinação de crianças contra Covid-19, que já ocorre em outros países e foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta semana, só deveria ocorrer com autorização dos pais e mediante apresentação de “receita médica”. A declaração foi dada em Praia Grande (SP), quando o presidente conversava com apoiadores.
— Se depender de mim, é o pai que decide (se a criança deve receber a vacina). Vai pedir receita médica também. Não é o governador ou prefeito quem vai decidir isso — disse Bolsonaro, citando os chefes de Executivos estaduais e municiais, a quem costuma criticar pelas medidas de isolamento adotadas para frear a transmissão do vírus.
Ainda durante a conversa com apoiadores, acompanhada por veículos da imprensa regional, o presidente declarou que pediu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que os postos exijam um termo de responsabilidade dos pais para vacinar as crianças.
— Às 4h liguei para o Queiroga e dei uma diretriz para ele. Obviamente, é ele quem bate o martelo porque é o médico da equipe. Vai passar pela Saúde — disse o presidente.
Divulgada na quinta-feira, a autorização para vacinação de crianças é o novo foco dos bolsonaristas. Nas redes sociais, a decisão da Anvisa foi criticada por apoiadores do presidente. Bolsonaro chegou a intimidar os técnicos da agência, dizendo que divulgaria o nome dos responsáveis por tomar a atitude.
Neste domingo, ele comparou a vacina, que passa por rigorosos testes científicos e comprovadamente é eficaz para evitar que o vírus cause sintomas graves, com remédios cujos testes provaram a ineficácia, como a hidroxicloroquina e ivermectina:
— Tiveram tanto cuidado com aqueles medicamentos que quase todo mundo tomou, e eu tomei, mas e agora? Com a vacina você precisa ter cuidado especial, também. Que fique claro: não me chamem de antivacina porque compramos mais de 300 milhões de doses. Eu só digo que (vacinar-se) é voluntário — afirmou Bolsonaro.
A resolução da Anvisa prevê que crianças recebam duas doses de 10 microgramas num intervalo de 21 dias. Apenas uma vacina da Pfizer, diferente da aplicada a adultos, está autorizada neste momento. No sábado, Queiroga afirmou que só divulgará a decisão do ministério sobre a vacinação de crianças em 5 de janeiro.