“A arte é uma profissão que você nasce com ela, a enfermagem eu escolhi e estudei”, diz Aurélio Rabelo, enfermeiro das redes estadual e municipal de segunda à sexta-feira e cantor nos finais de semana, em eventos e festas particulares.
Aurélio, de 49 anos, é enfermeiro formado pela Universidade Federal do Acre (Ufac), no ano de 1997, e completou 25 anos de profissão no último mês. Já na música, o enfermeiro se identifica como cantor há, aproximadamente, 30 anos. A junção das duas profissões, acontece, na maioria das vezes, em datas comemorativas ou quando é reconhecido em atendimentos por músicas que regravou, como “Cinco minutos”, “Vou dar um tempo”, “Quem manda é o coração”, dentre outras.
“A profissão de enfermeiro desgasta, por lidar com problemas físicos de outras pessoas e a música restaura, é um escape para uma profissão como a enfermagem, onde o profissional precisa estar com saúde para cuidar da saúde dos outros”, diz Aurélio.
O enfermeiro trabalha em uma Upa da capital durante a noite e também em uma Unidade de Saúde Familiar, durante o dia. Aos finais de semana, o enfermeiro sai de cena e o cantor alegra as noites de eventos particulares em buffets e associações, com um repertório variado com base na Música Popular Brasileira (MPB). Em datas comemorativas como Dia das Mães ou festas de final de ano, Aurélio canta para os colegas como forma de descontração.
“Eu nunca cantei para acalmar um paciente, mas acontece bastante de pessoas entrarem para o atendimento e perguntarem se eu sou o cantor Aurélio Rabelo, porque veem no carimbo o meu nome e ficam com essa dúvida e às vezes até cantam ou pedem para eu cantar trechos de músicas que eu regravei”, conta.
Aurélio passou 10 anos afastado da música logo após a graduação em enfermagem para se dedicar a profissão, que segundo ele, é um celibato, com dedicação exclusiva e administrou uma unidade básica em Porto Acre e também uma em Rio Branco. Atualmente, o enfermeiro atua na área de assistência, na rede municipal, e em plantões, na rede estadual.
Enfermagem
A enfermagem é celebrada mundialmente no dia 12 de maio e em diversas cidades, as homenagens seguem por uma semana, conhecida como Semana da Enfermagem. Diversos profissionais aproveitam o momento para reivindicar melhorias para a categoria.
Aurélio afirma que a enfermagem é uma classe importante para a área da saúde, tanto em unidades hospitalares quanto em unidades básicas, mas pouco valorizada, em que os profissionais não são remunerados de forma justa.
“São profissionais que estão em condições insalubres e correm risco de pegar algumas doenças e ainda são profissionais desvalorizados, que precisam ter saúde para cuidar dos outros, mas é a categoria que mais está doente por trabalhar tanto”, diz Aurélio.
Segundo o enfermeiro, se houvesse mais valorização da categoria, haveria mais humanização nos atendimentos, pois muitos profissionais trabalham diversas horas seguidas para ter dignidade e conforto em suas vidas. “Há profissionais que praticamente moram nos hospitais, deixam a sua família para conseguir o mínimo de dignidade. Mesmo em situação pandêmica, houve uma falta de sensibilidade pelos governantes em valorizar os profissionais, como forma de reconhecimento”, conta.
No último dia 4, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que fixa o piso salarial nacional de R$4.750 para enfermeiros.
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