Parte do território do Acre pode voltar a ser da Bolívia; entenda polêmica

Com problema de infraestrutura do bairro Leonardo Barbosa, em Brasileia, no interior do Acre, parte do território brasileiro segue ameaçado por um possível rompimento causado pelo Rio Acre. Há anos, o movimento das águas do Rio Acre na região afeta uma parte do bairro, que pode romper e voltar a integrar a Bolívia, país que faz divisa com o Acre.

Com a cheia e vazante do Rio Acre todos os anos, faz com a estrutura do bairro mude ao longo do tempo, principalmente com a enchente de 2015, uma das maiores já registradas no Acre.

Para o G1, o engenheiro agrônomo, com mestrado e doutorado em Plant Science pela City University of New York, Evandro José Linhares Ferreira, o comportamento dos rios no Acre é comum em razão da composição do solo por onde eles passam. “O terreno é arenoso-argiloso, sem leito rochoso. Assim, o leito dos nossos rios vão mudando na medida em que a força de suas águas “cavam” novos caminhos”, explica.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a situação está estabilizada, mas não há nenhuma obra efetiva para contornar o problema. O total dessa área, segundo o Inpa, é de 44 hectares e fica localizado na periferia da cidade.

Segundo o engenheiro agrônomo, pelo o que se observa nas imagens, nenhuma providência foi tomada pelo governo brasileiro, como construir barreiras de contenção em concreto para impedir o processo erosivo. “Daqui há alguns anos, certamente provocará o rompimento do Rio Acre na parte mais estreita da tênue ligação terrestre do bairro Leonardo Barbosa à cidade de Brasileira”, explica.

De acordo com o engenheiro, o rompimento tornaria esse território de 44 hectares boliviano. “Vale ressaltar que pelo Tratado de Petrópolis, que definiu a incorporação do Acre ao Brasil em 1903, a fronteira do Brasil e Bolívia no local que apresenta a erosão é a calha do Rio Acre. Assim, se houver o rompimento do barranco e o Rio Acre “abandonar” o meandro que atualmente circunda o bairro Leonardo Barbosa, em teoria, todo o bairro passaria a fazer parte do território boliviano visto que a calha do rio mudaria e o meandro em torno do referido bairro viraria um lago”, diz.

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