Quando a internet finalmente chegou em nossos computadores, e mais tarde em nossos celulares, o mundo ocidental ainda não tinha noção do que viria pela frente. De fato, as expectativas se concentravam nas possibilidades de globalização do comércio, das empresas e oportunidades de negócios mais velozes. Mas, aconteceram tantas inovações tecnológicas em tão pouco tempo, que essa tão inovadora rede mundial conseguiu conectar inclusive as informações, e logo, de quebra, também as pessoas.
Para a grande maioria, esse processo todo passou rápido demais. Dentro de poucos anos – ou quase nada, na linha temporal da história – passamos a saber tudo sobre quase tudo, e ter opinião formada sobre todos, independentemente da distância física ou, o que é bastante curioso, da nossa relação de proximidade. A internet nos trouxe a chance do empoderamento da opinião, e hoje em dia, os algoritmos, cada vez mais densos, nos obrigam a ter posição sobre todos os assuntos – inclusive aqueles que não nos dizem o menor respeito.
Isso é bom? Depende. Considerando que a história da formação humana, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil, foi sempre recheada de batalhas sociais pela liberdade de expressão do pensamento, talvez… Mas volta e meia nos deparamos com os limites da noção de felicidade, cada vez mais contraditórios: A definição de liberdade permite o ódio, a inveja, a crítica quanto à sexualidade do outro e os preconceitos de toda ordem?
Na verdade, essa é uma questão mais antiga do que os milleniuns imaginam. Na Antiguidade, lá por volta do ano 300 antes de Cristo, já se falava sobre os limites da busca pela liberdade total como finalidade da vida – o hedonismo – e muita filosofia surgiu a partir disso. Mas acontece que a nossa história é cíclica, e vez por outra, vamos sempre voltar a discutir coisas que antes já estavam mais do que discutidas. Até a forma redonda do planeta Terra está sendo questionada novamente… é da vida.
Dando um salto de 2.300 anos, é isso que vemos repercutir nas redes sociais de Luísa Sonza, a ótima cantora gaúcha de 23 anos, que fez sua primeira apresentação em terras acreanas neste fim de semana. Luísa, ainda tão nova, já teve que enfrentar polêmicas envolvendo suas escolhas musicais, seus relacionamentos, e pasmem, até sua vida sexual – coisa que qualquer homem jamais teve que passar na história de nossa sociedade patriarcal.
E o que aprendemos com isso? Que a liberdade é uma medida de mudança, e que nós precisamos desacelerar a vida para viver bem em sociedade, como todos queremos: Tendo empatia, resiliência e sororidade, conceitos que surgiram pra gente nos últimos anos, como forma de resistência aos que buscam prazer desmedido na crítica alheia.
Basta prestar atenção que a gente logo aprende a lição que a existência de uma figura como a dessa artista nos ensina; até porque ninguém aprende só dentro de escolas e universidades. Temos que aprender também com o mundo ao redor, assim como com a Luísa, que mesmo tendo que lidar com todos os seus haters, é capaz de subir num palco, dançar e cantar durante horas – e se divertir – trazendo pra esse nosso povo sofrido, pelo menos por alguns instantes, a verdadeira noção de representatividade, tão negada pelos conservadores de plantão.
Assim, se você anda correndo, engolido por esse mundo veloz e complicado, talvez seja bom pensar sobre tudo aquilo que você continua fazendo igual, dia após dia, como se a evolução fosse uma doença – isso também se trata de saúde mental. Pelo contrário, se quisermos desacelerar a própria passagem do tempo, é bom criarmos experiências novas, sempre. Por exemplo, estudar filosofia ou aprender a dançar “Café da Manhã”, single que está na nova “Lud Session” da Ludmilla com a bonitinha da Luísa Sonza.