Já era fim do dia e o sol ia embora. Após dar um “baile” em um grupo de biólogos que buscavam encontrar o maior felino das Américas no Pantanal, uma onça-pintada foi flagrada à espreita de capivaras na beira de um açude. Porém, a caçada não foi finalizada com sucesso o e “jantar” do animal foi frustrado.
O momento era de tensão e muita atenção aos movimentos do onça-pintada Ferinha, animal acompanhado pela Organização Não Governamental (ONG) Onçafari. O biólogo Bruno Sartori é o responsável pelo vídeo. Em conversa com o g1, o profissional compartilhou detalhes do registro raro.
“Estávamos em campo, no fim de tarde, com uma luz que não é a ideal. Estávamos tentando encontrar a Ferinha, até que ela saiu para a estrada e viu no açude as capivaras”, relembra Sartori sobre o encontro que teve com a onça-pintada.
No vídeo divulgado recentemente, as capivaras aparecem bem tranquilas, enquanto a onça caminha silenciosamente e com o olhar compenetrada nos animais à beira do açude. A trilha sonora do registro é exclusiva, uma gritaria de gralhas informando a aproximação do predador.
Sartori explica o comportamento dos animais neste momento: “as gralhas quando veem onça elas fazem muito barulho avisando que tem um predador por perto, não que as onças são ameaças para as gralhas. As capivaras ficam tranquilas porque elas não viram a onça, por isso que a onça consegue se aproximar bastante”, explica o biólogo.
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Ferinha voltou para casa sem o jantar. — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Desta vez, Ferinha voltou para a mata pantaneira com fome. O biólogo aponta que a posição das capivaras naquele momento era a mais vantajosa na briga da cadeia alimentar. “A posição das capivaras mostra que elas estavam em vantagem, elas estão viradas para o rio e na água elas ganham vantagem da onça”.
Não é a primeira vez que o biólogo fica próximo dos felinos no Pantanal. Ao longo dos dois anos de atuação no Onçafari, Sartori já viu 62 indivíduos de onça-pintada diferentes.
“Fazer um vídeo desse é muito tenso, tem que ficar em silêncio e aguardando para ver o que vai acontecer. Neste dia a Ferinha não conseguiu. São muito raros estes registros, tem que estar no local certo e hora certa. Tem que ter paciência e esperar os animais fazerem o comportamento natural. É muito gratificante você estudar biologia, estudar para isso e ter a oportunidade de acompanhar os animais no dia a dia”.
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Ferinha é acompanhada pela ONG Onçafari. — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
