No Acre, mais de 300 pessoas desapareceram em um ano, segundo anuário

Problema típico e comum apenas nas grandes cidades, o desaparecimento de pessoas sem que elas deixem qualquer pista sobre o que lhes aconteceu, como se o mundo se abrisse e as levasse junto. No Acre, principalmente na capital Rio Branco, pelo menos 300 pessoas, entre homens, mulheres e adolescentes, simplesmente sumiram, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022.

Os números do Anuário mostram que, no Brasil, registra em média 200 desaparecimentos de pessoas por dia. O Acre, apesar de sua baixa densidade populacional de menos de um milhão de habitantes, se aproxima da média.

Em 2021 (os números de 2022 ainda não foram contabilizados), somente em 2021 foram registrados 330 desaparecimentos, número que corresponde a um aumento de 42,1% em relação ao ano anterior. Quase a média de um desaparecimento por dia ao longo dos 365 dias do ano.

Os desaparecimentos no Acre também são tantas que chamou a atenção do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), o qual deve passar a desenvolver nos próximos dias a campanha “Saudade: essa dor pode acabar”, buscando dar visibilidade ao drama vivenciado pelas famílias, sensibilizar a sociedade sobre o problema, além de divulgar informações sobre como proceder diante dessas situações.

Desde 2017, o MPAC faz parte do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), criado a partir de um acordo de cooperação técnica firmado entre o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que desenvolve o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID).

No MPAC, o Sinalid é gerenciado pelo Núcleo de Apoio Técnico (NAT), que, no ano passado, a partir de um contato feito pelas redes sociais do MPAC, localizou Licerio da Silva e promoveu seu reencontro com a família após 33 anos de desaparecimento, uma missão bem sucedida que a instituição quer ver repetida.

“Nesses casos, nós fazemos a inserção do desaparecido no Sistema Nacional de Localização e de Identificação de Desaparecidos (Sinalid). Buscamos a qualificação civil da pessoa desaparecida e a equipe do NAT vai a campo buscar as informações na tentativa de localizá-la”, explica a coordenadora-geral do NAT, promotora de Justiça, Marcela Cristina Ozório.

O MPAC está disponibilizando ferramentas sobre como registrar desaparecimento de pessoas: um familiar ou pessoa próxima precisa procurar uma delegacia e registrar um Boletim de Ocorrência. Não é preciso esperar 24 horas para registrar o sumiço de uma pessoa, fornecendo o máximo de informações possíveis, como características físicas, cor e modelo de roupa que a pessoa usava a última vez que foi vista, bem como a região onde a pessoa estava.

O cidadão também pode acionar o MPAC por meio dos telefones 68 99219 1040 ou 68 3212 2068, ou ainda pelos e-mails: [email protected] e [email protected].

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