Viúva de Bruno Pereira é nomeada como diretora no Ministério dos Povos Indígenas

A Diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, do Ministério dos Povos Indígenas, que atinge diretamente o Acre, um dos pontos do país com grande contingente de povos de etnias desconhecidas e não contatados, será exercida por quem entende bem do assunto e conhece a dor de perto. O cargo será exercido pela antropóloga e professora Beatriz de Almeida Matos, nomeada pelo ministro da Casa Civil Rui Costa, segundo o Diário Oficial da União(DOE). Ela é viúva de Bruno Pereira, o indigenista assassinado junto ao jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari no ano passado.

Beatriz Matos é professora da Universidade Federal do Pará, onde trabalha com antropologia e etnologia indígena. Nas redes sociais, ela comentou a nomeação: “É uma honra fazer parte desse Ministério. Aceitei o desafio com esperança, alegria e saudade. Vou com ele e vários parceiros para fazermos o que sonhamos juntos”, escreveu a militante da causa indígena, que, assim como Bruno Pereira, tem experiência de anos de trabalho na região do Vale do Javari.

Passados mais de oito meses dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, o Vale do Javari, no Amazonas, voltará a ser palco de uma megaoperação das forças de segurança com o objetivo de coibir a prática criminosa de invasores que atuam na caça, pesca e garimpo ilegais no território que abriga a maior quantidade de indígenas isolados do mundo. As ações de logística serão coordenadas pelo Ministério da Defesa com apoio das pastas da Justiça, dos Povos Indígenas e dos Direitos Humanos, além da Polícia Federal, Ibama, Funai e Sesai.

Os agentes vão desembarcar em Atalaia do Norte (AM) no próximo dia 27 de fevereiro. Militares da Marinha já estão no local. O primeiro dia da missão deve contar com as presenças dos ministros Flávio Dino (Justiça), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Silvio Almeida (Direitos Humanos). A presidente da Funai, Joênia Wapichana, e o secretário de Saúde Indígena (Sesai), Ricardo Weibe Tapeba, também vão acompanhar a operação.

A ação é uma continuidade do plano do governo federal com foco na desintrusão de invasores de terras indígenas, iniciada com a operação denominada Libertação para retirada do garimpo da Terra Indígena Yanomami.

Os assassinatos de Bruno e Dom, em 5 de junho do ano passado, foram encomendados por Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia. Essa é a conclusão da investigação feita pela Polícia Federal. ‘Colômbia’ responde na Justiça Federal por um processo no qual é acusado de liderar a pesca ilegal no Vale do Javari, local em que a dupla foi assassinada. Ele está preso desde dezembro, acusado de ser o mandante do crime. “Colômbia” era o principal suspeito de ter ordenado as mortes.

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