CPI das ONGs: moradora da Resex Chico Mendes diz que pessoas morrem por falta de socorro e faz desabafo

“É difícil você olhar pro seu filho e ouvir ele dizer “Mãe, eu queria ir pra escola”. Esse é um direito que as ONGs, o ICMBio e Ibama não nos dão”

Uma moradora da Reserva Extrativista Chico Mendes foi ouvida nesta quinta-feira (19), em uma audiência pública da CPI das ONGs no município de Epitaciolândia, interior do Acre.

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Rosângela Nascimento, que mora em uma colocação sentindo Rodovia AC-317, com mais 80 km de ramal, desabafou sobre as condições vividas pelos moradores da Resex.

A moradora disse que seu sonho é ver o filho tendo acesso à escola/Foto: Gustavo Monteiro/ContilNet

A principal denúncia feita pela moradora foi em relação a prestação de socorro às vítimas que vivem nas partes mais isoladas da Resex. “No local que não é aberto para ramal, lá tem um helicóptero disponível para levar uma criança doente. Mês passado, onde nós moramos, morreu um amigo nosso, com uma paulada na cabeça. Infelizmente, ele faleceu, porque ninguém conseguiu retirar ele do local. Trouxemos ele na rede. Morreu no meio do caminho”, declarou.

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Emocianada, Rosângela contou que tem um filho de 9 anos, deficiente, que não consegue ter acesso à escola por conta do isolamento da Resex. “Eu não queria nada além do direito do meu filho saber ler e escrever. A nossa realidade as pessoas não sabem”, desabafou.

“É difícil você olhar pro seu filho e ouvir ele dizer “Mãe, eu queria ir pra escola”. Esse é um direito que as ONGs, o ICMBio e Ibama não nos dão”, completou.

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A moradora falou ainda sobre o limite de produção estabelecido pelo ICMBio na Resex. “Eu crio porco, mas bem dizer passo fome. Porque eles dão um limite na licença, nós não trabalhamos com licença, porque não constamos no sistema”.

O desabafo de Rosângela vai de encontro ao que o representante da Associação de Moradores da Reserva, Romário Campelo, que falou sobre a defasagem no sistema de cadastramento dos moradores da Reserva Chico Mendes. Segundo ele, os dados mais recentes são de 2009. Somente com o inserção na base de dados do ICMBio é possível ter acesso ao licenciamento e autorização para a produção agrícola e extrativista.

A moradora disse ainda que luta contra a demora na expedição do licenciamento ambiental para a abertura de ramais. “Estou há 4 anos lutando para meu filho ter acesso à escola”.

CPI no Acre

Proposta pelo senador Marcio Bittar (União Brasil), membros da CPI das ONGs, do Senado Federal, chegaram ao Acre nesta quarta-feira (18) e cumpriram uma série de agendas pelo Alto Acre. A principal pauta foi uma conversa com os moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes. O grupo viajou com a intenção de conhecer a região.

“O objetivo é conhecer de perto o que acontece dentro da reserva Chico Mendes. O papel da CPI é ajudar a esclarecer para o brasileiro que não conhece a Amazônia, de que unidades de conservação já foram criadas, eu diria, mais que o necessário”, disse o senador Marcio Bittar ao ContilNet.

Nesta sexta-feira (20), a CPI organiza também uma audiência pública no plenário da Assembleia Legislativa (Aleac), em Rio Branco, que ocorre na sexta-feira (20).

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