A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) confirmou nesta semana um caso suspeito de esporotricose, uma doença transmitida por gatos. Uma idosa deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do 2º Distrito, em Rio Branco (AC).
A confirmação do exame deverá sair na próxima terça-feira, dia 31 de outubro. Caso se confirme a contaminação, o caso será notificado pela Vigilância em Saúde do Estado.
Ao ContilNet, a médica veterinária Erica Agostinho explicou que a doença é uma infecção causada pelo fungo Sporothrix schenkii, que cresce geralmente em plantas e árvores comuns dos nossos quintais. “Diferente dos demais fungos que basta o contato com a pele, o Sporothrix precisa de uma porta de entrada, pequenas lesões, cortes ou arranhões. O principal vetor desse fungo é o gato doméstico, principalmente os de vida livre”, disse.
A doença é classificada como uma zoonose, ou seja, passa do animal para o ser humano. “Nos animais ele causa feridas na região do rosto e pastas. Que podem se espalhar por todo o corpo do animal. Pode ocorrer também espirros, secreção nasal , o que compromete o olfato dos felino é que está totalmente ligado a forma como eles se interessam pelo alimento, que é farejando. Aí vem o emagrecimento consequente da perda de apetite”, explicou a veterinária.
Segundo o Ministério da Saúde, a doença não é grave nos humanos. Mas pode ser fatal para os bichinhos. Em relação aos sintomas nos seres humanos, pode ser registado nódulos avermelhados que se transformam em feridas, principalmente, na região das mãos, braços, pés, pernas e rosto. Muitas vezes, essas lesões aparecem enfileiradas. A pessoa também pode apresentar dores articulares e febre.
Para constatar a doença no animal, a veterinária explica que é necessário a realização de exames cultura e citologia do tecido contaminado, além de um hemograma para avaliar estado geral.
“Qualquer gato pode contrair e transmitir. Principalmente os que sobem em árvores, que desgastam as unhas em plantinhas e musgo de jardim”, completou a Erica.
Doença descontrolada?
Ao jornal Folha de SP, o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná, declarou que a doença vem se espalhando por vários estados brasileiros. Segundo ele, a transmissão está ‘descontrolada’. O aviso sobre a doença também foi divulgada em uma nota técnica do Ministério da Saúde, emitida neste ano.
Na reportagem, o pesquisador afirmou que algumas medidas são necessárias para o controle da doença no país. “Castrar, que diminui a necessidade de interação com outros gatos; impedir o acesso desses animais às ruas, tratar se estiverem infectados e não abandoná-los”, explica o especialista.
O pesquisador afirmou ainda que o abandono de animais está diretamente ligado ao aumento exponencial de casos no país.
“O animal, quando está doente, é jogado na rua ou no lixo. Também é importante a cremação do cadáver do gato que morre por esporotricose, no centro de controle de zoonoses ou numa clínica veterinária que tenha crematório, porque se enterrar o gato contamina o solo”, pontuou Telles a Folha de SP.
“É importante deixar claro que os gatos não são culpados, e sim vítimas. As pessoas não devem matá-los ou fazer mal a eles”, completou.
A veterinária do Acre, Erica Agostinho, foi além e ao ContilNet, explicou que a doença tem um tratamento longo e requer um acompanhamento maior. Além disso, ela ressaltou a importância de procurar um veterinário assim que os sintomas surgirem.
“Não é tão comum a identificação dessa doença na clínica, a maioria dos tutores pensam ser uma sarna, e tentam medicações por conta própria. Mas as feridas da esporotricose são vivas e persistentes. Sempre procure um médico veterinário para avaliar”, explicou.
Como evitar a doença?
A veterinária informou ainda sobre os cuidados para evitar que os gatos sejam infectados com a doença e frear a proliferação da esporotricose.
“Os cuidados para evitar que um gato desenvolva essa doença é fortalecer o sistema imunológico dele, vermifugação regular a cada 4 meses, vacinação polivalente contra as viroses, vacinação antirrábica, alimentação de qualidade, água limpa e fresca, visitas de rotina ao veterinário pelo menos a cada 6 meses”, concluiu.