Bloco 6 é D+ escolhe nova rainha de bateria; musa já sofreu injúria racial e vem do interior do Acre

Maria Luiza sofreu ataques ao participar do concurso Musa do Verão em Xapuri, no programa do Festival de Praia da cidade

Ela tem apenas 23 anos, muito samba no pé e agora uma coroa para chamar de sua. Maria Luiza é a nova rainha de bateria do bloco carnavalesco 6 é D+ de Rio Branco. Nesta quinta-feira (12), o tradicional bloco acreano anunciou em suas redes sociais o posto após escolha feita pelo presidente. A xapuriense vai ocupar o lugar de Gabriela Alencar, que deixa o posto após 3 anos à frente da bateria do bloco. Gabriela também é a atual Rainha do Carnaval de Rio Branco.

A xapuriense vai ocupar o lugar de Gabriela Alencar/Foto: Portraits de Mulher

A partir de agora, a modelo e fisiculturista veste as cores preto e amarelo do bloco e deve disputar o concurso Rainha do Carnaval de Rio Branco.

A coluna Douglas Richer, do site ContilNet, entrevistou a modelo e fisiculturista, que contou um pouquinho de como surgiu o convite e sua trajetória. Maria Luiza também relatou o episódio de injúria racial que sofreu ao participar de um concurso de beleza em sua terra natal.

“Em 2019, eu ainda morava em Xapuri e fui rainha do carnaval de lá. No mesmo ano, desfilei para o festival de praia como musa e, após um acontecimento lá, infelizmente, sofri injúria racial e decidi vir embora para Rio Branco. Na minha cabeça, não pensava em competir mais em nada, pois me deixou um trauma muito grande. Fiquei envergonhada pelo que aconteceu”, explicou.

“Em 2020, recebi o convite de um amigo do Bloco Sambasse e fui convidada a ser rainha de bateria e também concorri para rainha do Carnaval de Rio Branco, ficando em segundo lugar. Desde então, não competi mais em nada carnavalesco. Decidi participar do fisiculturismo, participei de um concurso e ganhei o segundo e terceiro lugar. Este ano, volto ao Carnaval pelo Bloco 6 é D+, onde serei rainha da bateria e concorrerei ao concurso das realezas, disputando o título de Rainha do Carnaval de Rio Branco”, contou em entrevista ao ContilNet.

Maria Luiza é a nova rainha de bateria do bloco carnavalesco 6 é D+ de Rio Branco/Foto: Portraits de Mulher

“Em 2020, quando recebi o convite da Sambasse, para mim, foi um desafio muito grande. Fiquei feliz, lógico, mas para mim foi uma superação muito grande por medo de acontecer tudo de novo, por passar por tudo de novo. Eu participei, mas com muita insegurança. Para mim, foi questão de superação. Este ano, estou mais preparada. Estou pronta para esse desafio novamente, e vou buscar e levar esse título. Para mim, será uma vitória muito grande, por tudo que passei. No ano, fiquei muito mal, bem abalada, até porque estava no meio de uma transição capilar. Na época, estava tentando me aceitar do jeito como meu cabelo é. Realmente, estava bem curto, estava no processo de aceitação”, desabafou a modelo.

A partir de agora, a modelo e fisiculturista veste as cores preto e amarelo do bloco/Foto: Portraits de Mulher

Entenda o caso

No ano de 2019, a modelo Maria Luiza sofreu ataques ao participar do concurso Musa do Verão em Xapuri, no programa do Festival de Praia da cidade. O caso foi noticiado pelo site AC 24H.

De acordo com a matéria do site, um vídeo circulou na internet, mostrando a modelo sendo atacada durante a sua participação no Festival de Praia do município, em 7 de outubro de 2019. O vídeo mostrava a modelo sendo alvo de várias ofensas de cunho racista proferidas por pessoas que filmavam a festa de uma área no bar Mirantes Beira Rio, situado logo acima da praia.

Maria Luiza sofreu ataques ao participar do concurso Musa do Verão em Xapuri, no programa do Festival de Praia da cidade/Foto: Reprodução

De acordo com o site, o vídeo traz vozes femininas e masculinas que ofendem a candidata, de cabelo afro, no caso, Maria Luiza. “Cabelo liso está bonita. Não é cabelo bucha”, diz uma mulher. “Cabelo liso está muito bonita”, enfatiza um homem. Em seguida, a mesma mulher diz: “Barrou, barrou o cabelo de bucha”.

Veja o vídeo:

Injúria racial e racismo:

Embora possam ser confundidos, os conceitos jurídicos de injúria racial e racismo são diferentes. O primeiro está contido no Código Penal brasileiro, e o segundo está previsto na Lei n. 7.716/1989. Enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça.

Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível. A injúria racial está prevista no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometer. De acordo com o dispositivo, injuriar seria ofender a dignidade ou o decoro utilizando elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.”

Veja fotos da nova rainha:

Fotos: Portraits de Mulher

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