Há exatos 5 anos, em 31 de maio de 2019, o menino Rhuan Maycon da Silva Castro, de apenas 9 anos, foi esfaqueado, esquartejado e teve partes do corpo assadas em uma churrasqueira pela própria mãe, Rosana Auri da Silva Cândido, na época com 27 anos, e pela companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno, na época com 28 anos.
O casal de homens trans, que agora tem o nome social de Agel e Alidi, respectivamente, foi condenado a 65 anos de prisão.
O crime, que aconteceu no Distrito Federal, foi um dos mais brutais registrados na região. O laudo cadavérico que respaldou o inquérito e serviu de prova no julgamento aponta que o menino levou uma facada no peito enquanto dormia. Assustada, a vítima se levantou e ficou ajoelhada ao lado da cama. Em seguida, levou mais 11 golpes desferidos pela mãe.
Além disso, o exame apontou também que, quando a cabeça de Rhuan foi arracada, os sinais vitais da vítima ainda estavam presentes.A Polícia Civil do Distrito Federal informou ainda que enquanto a mãe começou a esquartejar o corpo do menino, a companheira acendia a churrasqueira.
Segundo o site Metrópoles, a ideia do casal era assar as partes do corpo, fazendo com que a carne se desprendesse dos ossos. Além disso, também estava nos planos comprar um martelo com a intenção de triturar os ossos do menino.
Ainda de acordo com o site, a mãe retirou toda a pele do rosto da criança, que seria colocada na churrasqueira e jogada em um vaso sanitário. Além disso, a mãe também tentou retirar os globos oculares do menino com uma faca.
Ao perceberem que a carne não soltava dos ossos ao tentar assar diversas partes do corpo do menino, o casal decidiu dividir as partes do corpo em duas mochilas infantis e uma delas foi jogada em um bueiro da Quadra 425 de Samambaia.
O corpo da criança foi encontrado na madrugada do dia 1º junho do ano passado, esquartejado, dentro de uma mala. A dupla foi sentenciada pelos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação e destruição de cadáver e fraude processual.
Julgamento
Segundo informações divulgadas pelo Ministério Público do DF (MPDFT), “durante o julgamento, Kácyla ficou em silêncio e assumiu a execução de todos os crimes, afirmando não haver nenhuma participação da companheira”.
No entanto, os jurados acataram na íntegra a denúncia do MP. Para o júri, as acusadas premeditaram o assassinato.
Segundo a acusação, a dupla planejou como executar a criança e na noite do crime, o casal esperou Rhuan dormir para cumprir o plano, segundo o MP.
Em depoimento à polícia, Rosana contou que “sentia ódio e nenhum amor pela criança”. Segundo o Ministério Público do DF, a mãe de Rhuan arquitetou o crime por odiar a família do pai dele.
As duas também foram acusadas por tortura. Segundo o MP, elas “castraram e emascularam a vítima clandestinamente” e “impediram que Rhuan tivesse acesso a qualquer tratamento ou acompanhamento médico”.
O casal deixou o Acre em 2014. Segundo a família, Rosana fugiu do estado com a criança, a companheira e a filha de Kacyla.
Pena
As penas foram fixadas em:
- Rosana Auri da Silva Cândido, mãe do menino: 65 anos de reclusão e 8 meses e 10 dias de detenção
- Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa, companheira de Rosana: 64 anos de reclusão, além de 8 meses e 10 dias de detenção
Casal sofre ameaças na cadeia
O casal condenado a 65 anos de prisão pelo crime, considerado um dos mais bárbaros do Distrito Federal, foi ameaçado de morte dentro do chamado “seguro” do Presídio Feminino do Distrito Federal (PFDF), a Colmeia.
O casal foi jurado de morte por outras internas da Colmeia, que são autoras de crimes sexuais. As ameaças se intensificaram em 2022, segundo o Metrópoles, e a direção da unidade atendeu aos pedidos de Agel e Alidi: eles ocupavam a mesma cela e foram deslocados para uma ala onde eram mantidos isolados em uma espécie de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Projeto Rhuamm
A Defensoria Pública do Estado do Acre (DPE/AC) criou o projeto Rede Humanizada de Meninas e Meninas (Rhuamm). O programa da DPE/AC visa contribuir com a articulação dos casos envolvendo crianças em situação de extrema vulnerabilidade e violências e foi idealizado a partir do caso do menino Rhuan Maycon, de 9 anos, que foi assassinado pela mãe e pela madrasta.
O projeto Rhuamm é coordenado pelo Núcleo da Cidadania. São parceiros do Projeto Rhuamm o Tribunal de Justiça do Acre, Ministério Público, Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho, Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, Sebrae, Polícia Militar, Centro Universitário Uninorte e Prefeitura de Rio Branco, por meio do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, SASDH, Seme, Centro Especializado de Referência em Assistência Social, Semsa, Centro Pop e Conselho Tutelar.