Fumaça sufoca Porto Velho, cancela voos e deixa vida “insuportável”

Número de queimadas no estado de Rondônia é 144% maior do que o registrado em 2023, segundo dados do Inpe

Há mais de um mês a população de Porto Velho, capital de Rondônia, sofre com as consequências de intensas queimadas. A fumaça, que encobre a cidade, sufoca, adoece e afeta a rotina dos 460 mil habitantes da região.

Qualidade do ar em Porto Velho foi classificada como a pior do Brasil/Foto: Reprodução

Entre 1º de janeiro e 26 de agosto, foram 5.513 focos de queimadas em Rondônia, o maior montante em cinco anos. O número é 144% maior do que o registrado no mesmo período em 2023 (2.256), segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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Devido a grave situação, o governo de Rondônia decretou situação de emergência e proibiu o uso do fogo em todo o estado por 90 dias.

Qualidade do ar “insalubre”

No dia 2 de agosto deste ano, a qualidade do ar em Porto Velho foi classificada como a pior do Brasil, figurando na categoria “insalubre”, conforme levantamento da IQAir, empresa suíça de tecnologia que mede os níveis de poluição em diversos países.

A situação no estado é caótica. O cantor Hélio Costa, morador de Porto Velho, divulga com frequência em suas redes sociais a realidade dos habitantes da cidade. Ao Metrópoles, ele definiu o cenário como “insuportável”.

“As pessoas estão usando máscaras, as aulas foram suspensas várias vezes. É impossível, insuportável andar nas ruas, muita fumaça. Muita gente passando mal, com dor de cabeça, garganta ruim, dificuldade para respirar. As Upas [Unidade de Pronto Atendimento] estão lotadas. Tudo isso por causa das queimadas. A vida do povo de Rondônia está complicada”, relata o cantor.

A nuvem de poluição afetou, inclusive, as operações aéreas no estado, atrapalhando pousos e decolagens. Em um mês, mais de 40 voos sofreram alterações por causa da fumaça, sendo a maior parte em Porto Velho, no maior aeroporto de Rondônia.

Estiagem

Além da fumaça e do calor, a população de Rondônia ainda sofre com a seca severa. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Porto Velho está há mais de 100 dias sem chuvas. A última com volume expressivo ocorreu em 25 de maio.

A condição afeta, principalmente, comunidades ribeirinhas às margens do Rio Madeira, que enfrentam escassez de um recurso vital para a sobrevivência: a água.

Na última terça-feira (3/9), o Rio Madeira, um dos maiores do mundo, que percorre Brasil, Bolívia e Peru, atingiu a cota de 1,02 metro na cidade de Porto Velho, o nível mais baixo registrado desde o início da série histórica em 1967, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Segundo o Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológica (SipamHidro), o nível esperado para essa época do ano seria de cerca de 3,80 metros, o que indica que o rio está quase três metros abaixo do normal.

A estiagem também afeta gravemente o Igarapé Maravilha, que secou completamente em menos de um mês causando a morte de peixes devido à falta de oxigênio.

Geração de energia

A seca ameaça não apenas o abastecimento de água, mas também a geração de energia. O Rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil, Jirau e Santo Antônio, que juntas correspondem a cerca de 7% da capacidade de geração do sistema elétrico brasileiro.

A Agência Nacional de Águas (ANA) já alertou para a possibilidade de paralisação da usina de Santo Antônio, que opera no formato “fio d’água”, sem grande capacidade de armazenamento e altamente dependente do fluxo do rio para o funcionamento das turbinas.

Orientações do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde recomenda as seguintes ações para reduzir a exposição às partículas resultantes das queimadas:

  • Aumente a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.
  • Permaneça em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, busque ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição.
  • Mantenha portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa.
  • Evite atividades físicas ao ar livre durante este período do ano.
  • Não consuma alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas.
  • Utilize, preferencialmente, máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa. No entanto, a recomendação prioritária é permanecer em locais fechados e protegidos da fumaça.
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