Israel anunciou nesta segunda-feira (21) ter encontrado um bunker do grupo extremista Hezbollah com mais de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) em ouro e dinheiro em Beirute. O dinheiro estava no subsolo do hospital Al-Sahel.
As imagens foram mostradas em coletiva de imprensa pelo porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.
“O bunker foi deliberadamente colocado sob um hospital e contém mais de meio bilhão de dólares em dinheiro e ouro. Esse dinheiro poderia ter sido usado para reabilitar o Líbano, mas foi usado para reabilitar o Hezbollah. Uma aeronave da Força Aérea está monitorando o local e continuará a rastreá-lo”, diz Hagari.
O vídeo, divulgado também através das redes sociais das Forças de Defesa de Israel (veja acima), mostra a localização do esconderijo e diz que dois prédios vizinhos ao Hospital Al-Sahel servem de entrada para ele.
Hagari ainda revelou que o bunker está sob vigilância israelense há anos e servia como esconderijo para o ex-chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, que foi assassinado em um ataque aéreo no final de setembro.
“O Líbano tem estado atolado em uma crise econômica nos últimos anos, e o Hezbollah explorou isso para fortalecer seu controle sobre o país. As instalações que alvejamos pertencem ao Hezbollah e estão disfarçadas como locais civis, mas seu único propósito é reforçar as capacidades terroristas da organização. O Hezbollah efetivamente criou um estado dentro de um estado”, afirmou.
Bunker serviria como centro financeiro do Hezbollah, segundo Israel — Foto: Forças de Defesa de Israel / Divulgação
O porta-voz israelense descreveu também como o Irã financia o Hezbollah. Segundo ele, a transferência de recursos é feita principalmente através de três meios:
- Petróleo e dinheiro são transferidos do Irã para a Síria, onde o petróleo é vendido, e os lucros são canalizados para o Hezbollah por meio da Unidade 4400, uma unidade de transferência financeira do Hezbollah
- Irã envia dinheiro para o Líbano sob cobertura diplomática, com os lucros das vendas independentes de petróleo de sua Força Quds, e ele é entregue diretamente à Embaixada Iraniana em Beirute e depois ao Hezbollah
- Promoção de empreendimentos econômicos apoiados pelo Irã, incluindo exportações de gás para a Síria e o estabelecimento de fábricas na Síria, Líbano, Iêmen e Turquia
“Essa rede era gerenciada por Mohammad Jaafar Kassir, o comandante da Unidade 4400 do Hezbollah, que eliminamos em Beirute no começo deste mês. Algumas horas atrás, também neutralizamos seu sucessor na Síria”, disse Hagari, identificando o alvo de um ataque de drone a um veículo perto de um hotel em Damasco na manhã desta segunda-feira.
Carro incendiado após ataque de drone em Damasco, na Síria — Foto: Telegram/Reprodução
Após as declarações de Daniel Hagari, o hospital Al-Sahel começou a ser evacuado. A informação foi confirmada à agência de notícias Reuters pelo diretor da instituição, Fadi Alameh, que negou as acusações e pediu que o Exército libanês visitasse o local para fazer uma verificação.
Apesar da evacuação, o porta-voz israelense garantiu que Israel não irá bombardear o local.
Israel divulga imagens de ‘infraestrutura terrorista desmantelada’ em operações no Líbano
O Hezbollah acusou Israel de destruir “o que restava das instalações civis” em vilas na fronteira do sul do Líbano, em comunicado nesta segunda-feira (21).
O grupo extremista libanês afirma que as tropas israelenses “seguiram uma política de minar, explodir e destruir todas as instalações e casas civis no caminho da invasão” em suas operações terrestres, mas afirmou que seus combatentes seguem resistindo, atacando concentrações de soldados nessas localidades e também bombardeando cidades do norte de Israel.
“O inimigo ocupou nossas vilas fronteiriças, mas nenhum dos objetivos da agressão aérea e terrestre contínua foi alcançado. As operações de resistência continuam, com foguetes de diferentes tipos sendo lançados em direção às colônias de Haifa, subúrbios de Tel Aviv e Tiberíades sem parar, e as sirenes de alarme não cessam. (…) O som de seus foguetes supera o som das agressões diárias, provando que o inimigo não tem outra escolha senão ceder”, diz o Hezbollah.
Israel divulgou imagens de suas tropas realizando operações em vilas no sul do Líbano — Foto: Forças de Defesa de Israel / Divulgação
Em comunicado, enviado quase simultaneamente ao do grupo extremista libanês, as Forças de Defesa israelenses confirmaram operações para “limpar e neutralizar ameaças”, porém afirmam que munições de precisão estão sendo usadas nos ataques e enumeram os alvos atingidos como instalações usadas por terroristas:
“Como parte da operação das tropas, os soldados direcionaram drones com mísseis explosivos, que atingiram e desmantelaram posições de lançamento antitanque e postos de comando usados por agentes da organização terrorista Hezbollah. (…) Além disso, o Centro de Controle de Incêndio da brigada direcionou uma aeronave da IAF que atingiu e destruiu uma instalação de armazenamento de armas contendo mísseis Kornet e uma posição de lançamento da organização terrorista Hezbollah, que tinha como alvo as comunidades do Panhandle da Galileia”.
Em dois vídeos, o Exército de Israel divulgou imagens da “infraestrutura terrorista desmantelada” (veja no vídeo acima). Horas mais tarde, também mostrou um dos cinco mísseis que interceptou voando sobre o Mar Mediterrâneo nesta segunda sendo destruído.
Israel mostra drone sendo destruído — Foto: Forças de Defesa de Israel / Divulgação
Também nesta segunda, o Ministério da Saúde do Líbano reportou seis mortos, incluindo uma criança, em um bombardeio israelense contra a cidade de Baalbek, no leste do país.
A agência oficial libanesa de notícias, ANI, afirma que as vítimas do “bombardeio com drone”, que destruiu um prédio residencial, eram membros de uma mesma família.