A Polícia Federal apontou que um agente da corporação atuava como “informante” do grupo suspeito de desviar dinheiro de emendas parlamentares investigado na Operação Overclean, cuja segunda fase foi deflagrada nesta segunda-feira. Segundo as apurações, o policial Rogério Magno Almeida Medeiros fazia parte do “braço de apoio informacional” da quadrilha. Ele foi um dos alvos de prisão preventiva determinada hoje pela Justiça Federal da Bahia.
De acordo com o inquérito, o policial aparece em uma planilha de “pagamentos contínuos e mensais” da quadrilha, com o valor de R$ 6 mil e a sigla “MAG”, que se refere, segundo a PF, às “letras iniciais do nome Magno”.
“Tal conduta permite enquadrar ROGÉRIO MAGNO como informante e colaborador cooptado cuja atuação se dá na condição de possível braço da ORCRIM (organização criminosa) responsável pelo vazamento de informações policiais de interesse do grupo criminoso, o que tem o evidente condão de prejudicar a investigação e colocar em risco a persecução penal”, diz trecho da decisão judicial que determinou a prisão dele, reproduzindo uma manifestação do Ministério Público Federal.
Como prova, os investigadores citam um vídeo enviado pelo empresário Alex Parente, apontado como líder do suposto esquema, ao policial federal em novembro de 2024. Nas imagens, um policial federal aparece fazendo uma diligência velada no apartamento de um outro alvo. Em seguida, Magno telefona Parente.
A PF suspeita que o policial repassou informações sigilosas ao empresário. Parente foi preso preventivamente na primeira fase, mas depois foi solto por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Ao autorizar a prisão do policial federal e de outros três suspeitos, a Justiça Federal da Bahia afirmou que as medidas se justificavam para “assegurar, sem interferências indevidas e ilegais, o livre desenrolar da persecução penal, não comprometendo a instrução criminal, assegurando a ordem pública e até mesmo a incolumidade dos agentes envolvidos na operação”.
Caso do ‘Rei do Lixo’
A operação deflagrada hoje é um desdobramento da Overclean, que revelou um suposto de desvio de dinheiro de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) envolvendo o empresário José Marcos de Moura, conhecido como o “Rei do Lixo” – um dos presos preventivamente na primeira fase que foi liberado posteriormente. Segundo a PF, ele atuou como “articulador político e operador de influência” na organização.
No âmbito da Operação, a Polícia Federal apreendeu R$ 1,5 milhão em espécie em um jatinho que saía de Salvador com destino a Brasília. Para a PF, os valores transportados tinham origem ilícita e seriam destinados para pagamento de propina na capital federal, conforme consta na decisão que autorizou a operação da última terça-feira. Foi apreendida também uma planilha contendo relação de contratos e valores totalizando mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e no Amapá.