A ausência do Cruzeiro na próxima edição da Conmebol Libertadores ficou em segundo plano nesse domingo, diante da coletiva de Fernando Diniz. O treinador desabafou após uma pergunta sobre demissão pelo clube e demonstrou insatisfação com Alexandre Mattos. Algo que aconteceu nas últimas 72 horas.
As cobranças do ambiente externo a Fernando Diniz se intensificaram depois do vice-campeonato na Conmebol Sul-Americana, há duas semanas, em Assunção. Houve respaldo da diretoria, principalmente considerando o contexto, com avaliação positiva do trabalho no dia a dia e o entendimento de que havia influência do material humano à disposição do treinador, que assumiu um elenco limitado pelas questões físicas.
Também em função de estar sob contrato e do que foi a conversa com os dirigentes na época da contratação, no fim de setembro, Fernando Diniz não procurou a diretoria para falar sobre continuidade. Naquele momento, pelo projeto apresentado há dois meses, o treinador tratava com naturalidade as cobranças, mas com a certeza de que haveria sequência do trabalho.
A situação mudou nesta primeira semana de dezembro. Após tropeços diante de Grêmio e Bragantino, o noticiário começou a apontar para um caminho diferente, com análise do trabalho após o Brasileiro e possível demissão de Fernando Diniz.
Nos últimos dias, a situação passou a incomodar o treinador. Apesar de não terem nenhum comunicado da diretoria sobre possibilidade de mudança, Diniz e outros profissionais do Cruzeiro entenderam que havia mais indícios que apontavam para tal. O estopim para o treinador aconteceu na quinta, após a derrota para o Palmeiras, quando o noticiário apontou para grande possibilidade de demissão após o jogo contra o Juventude.
Não houve um pedido formal de Fernando Diniz por uma reunião com dirigentes do Cruzeiro, mas o treinador conversou informalmente com Alexandre Mattos, CEO de futebol, à beira do gramado da Toca, na tarde de quinta-feira. Foi nesse papo que aconteceu a fala do dirigente ao treinador, tratada por ele na coletiva como “muito vaga”.
Diniz se incomodou com a situação, principalmente por entender, nas entrelinhas, que a diretoria de fato teria tomado a decisão, mas sem comunicá-lo. O técnico não insistiu no assunto com outros integrantes da diretoria, mas relatou o inconformismo a pessoas próximas e colocou sob dúvida a presença em Caxias do Sul.
Oficialmente, o Cruzeiro nega que havia qualquer decisão tomada sobre o futuro do treinador – ele, por outro lado, tinha certeza que estava definida a demissão.
Após o ocorrido, Fernando Diniz foi com a delegação para Porto Alegre, no mesmo ônibus que integrantes da diretoria – entre eles Mattos e Paulo Pelaipe. Depois, por se tratar de férias, o treinador e qualquer jogador estava liberado para viajar ao destino que quisesse. E assim Diniz fez, como estava programado.
A expectativa é de que haja uma definição nesta segunda-feira sobre a situação do treinador, diante da relação com Mattos que se desgastou rapidamente, diante da conversa de quinta-feira e da entrevista coletiva de domingo. Há multa rescisória no contrato, mas o valor está abaixo dos R$ 7 milhões que estavam previstos no vínculo com o Fluminense, de onde saiu em julho.