Prefeitura de São Paulo tenta romper contrato de transportadoras suspeitas de ligação com PCC

Sete meses após denúncia, empresas de ônibus TransWolff e UPBus ainda operam, sob intervenção da SPTrans; investigação da Fundação Vanzolini apontou problemas financeiros e de infraestrutura nas companhias

Sete meses após o Ministério Público abrir processo contra duas empresas de ônibus acusadas de lavar dinheiro para a organização criminosa PCC, a Prefeitura de São Paulo, deu início a um processo para encerrar os contratos com as companhias.

A TransWolff e a UPBus estavam desde abril sob intervenção da SPTrans, órgão municipal gestor do transporte na capital, e passaram por uma investigação independente conduzida por especialistas da Fundação Vanzolini, ligada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Ônibus da Transwolff em frente à sede da prefeitura. Empresa tem contrato de 15 anos com a administração — Foto: Divulgação/Transwolff

Em comunicado, a prefeitura diz que a decisão foi tomada ontem após uma reunião entre representantes da SPTrans com a controladoria e a procuradoria geral da cidade, bem como técnicos das secretarias de Fazenda e Transporte.

“Durante as fiscalizações realizadas nas empresas, foi detectada a existência de inconformidades financeiras e operacionais por parte das concessionárias”, afirma o comunicado.

Segundo a nota, os investigadores apontaram “necessidade de uma série de mudanças de infraestrutura, manutenção veicular, qualificação das questões financeiras”.

A prefeitura afirma que agora as empresas acionadas têm 15 dias para apresentar uma defesa contra as alegações levantadas no processo para caducidade do contrato. As linhas sob concessão das empresas devem continuar operando sob intervenção de comitês da SPTrans, e funcionários continuarão recebendo normalmente.

As duas empresas atuam sobretudo nas zonas Sul e Leste da capital. A Transwolff tem 132 linhas com 1.146 veículos e transporta uma média de 583 mil passageiros por dia. Já a UPBus tem frota de 158 ônibus atendendo 13 linhas e transportando 73 mil pessoas diariamente.

A decisão sobre o que fazer com as empresas se arrasta desde abril quando o Ministério Público deflagrou a operação Fim da Linha, que revelou irregularidades cometidas pelas companhias.

O empresário Luiz Carlos Efigênio Pacheco, dono da empresa de ônibus Transwolff, chegou a ser preso, depois solto. Ele é réu em ação penal que apura crimes de organização criminosa, extorsão, lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Em 2006, enfrentou processo na Justiça, acusado de ter ajudado no resgate de um preso ligado ao PCC.

Também foi preso Robson Flares Lopes Pontes, diretor da UPBus. Quando assumiu o cargo na empresa, ele já tinha antecedentes criminais, tendo sido preso em flagrante e enfrentado processo por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, em 2016.

Segundo o MP, as duas empresas receberam R$ 800 milhões da prefeitura em 2023 para operar suas linhas. Outros dois mandados de prisão foram expedidos, um contra Joelson Santos da Silva, contador da TransWolff, e Silvio Luis Ferreira, sócio da UPBus, que está foragido.

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