“Te amo”: mãe que matou menina espancada era carinhosa na web

Foram seis dias hospitalizada, após passar um fim de semana sendo torturada pela própria mãe e pela madrasta na pequena cidade de Porto Real , no Sul Fluminense. A luta pela vida se estendeu até a madrugada de ontem, quando Ketelen Vitória da Rocha, de 6 anos, não resistiu mais às graves lesões provocadas pelo casal .

Ketelen levou socos e chutes, sua cabeça foi batida numa parede e ela chegou a ser jogada do alto de um barranco de sete metros; tudo isso porque bebeu um copo de leite sem pedir autorização. A menina estava na UTI de um hospital no município vizinho de Resende e, devido às múltiplas lesões , tinha pouquíssimas chances de sobreviver. Mesmo assim, não deixou de emocionar médicos, enfermeiros e outros funcionários da unidade que, a cada manhã, a cada noite, ficavam surpresos ao vê-la suportar os resultados de quase 48 horas de violência extrema.

A covardia que pôs fim à vida da menina não foi um fato isolado nem recente: de acordo com investigações da 100ª DP (Porto Real), ela passou os últimos meses subnutrida, dormindo em um colchão velho sobre o chão e sem ir à escola. Em casa, era humilhada e obrigada a fazer serviços e, para completar, apanhava frequentemente. Apesar disso, no mundo virtual, era retratada como uma criança feliz. A mãe, Gilmara Oliveira de Farias, de 27 anos, escreveu no Facebook: “ Te amo, filha ”.

Gilmara começou a se relacionar no ano passado com Brena Luane Barbosa Nunes, de 25. Pegou Ketelen e saiu de Duque de Caxias para morar na casa da companheira, no Sul do estado. Entre uma e outra agressão que a menina sofria, a mãe postava fotos nas redes sociais e fazia declarações de amor à criança. “Você veio para mudar minha vida e me transformar nessa grande mulher”, afirmou. Hoje, mãe e madrasta estão atrás das grades, cumprindo prisão preventiva decretada pela Justiça.

“As duas são culpadas”

Os atos de brutalidade contra Ketelen foram testemunhados pela mãe de Brena, que também vivia na casa. Foi ela quem chamou uma ambulância do Samu para a menina, na última segunda-feira. Alega que não o fez antes porque foi ameaçada pela filha.

” Ketelen era uma criança boa, respeitadora… Seis aninhos. Uma menina muito amável que me chamava de “tia”. Gilmara só deixava a criança dentro do quarto. Eu tinha falado para ela não trazer a filha porque Brena não gosta de criança, nunca gostou”, disse a mulher, que, no inquérito sobre o caso, responde por omissão.

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