O ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho, foi além dos seus chinelos. Disse que há um registro de que o ex-presidente Jair Bolsonaro tenha tomado uma dose da vacina Janssen contra Covid-19 no dia 19 de julho de 2021. Porém…
Porém, a Controladoria investiga a possibilidade de a informação ser falsa. Vai esperar a conclusão da investigação para poder afirmar com segurança se Bolsonaro vacinou-se ou não:
“Esse registro existe. Se está em um ofício da Controladoria, eu não tenho como negar. Infelizmente, esse ofício veio a público. Como eu disse, essa é uma investigação sigilosa”.
A investigação foi aberta durante a gestão do ex-ministro da Controladoria Wagner Rosário, próximo ao fim do antigo governo. Em janeiro último, um grupo de hackers divulgou um cartão de vacinação que supostamente seria de Bolsonaro.
Nele, consta o registro de uma dose da vacina contra o vírus que teria sido aplicada em uma unidade de saúde em São Paulo, com data de 19 de julho de 2021. Nesse dia, Bolsonaro estava em Brasília.
O governo anterior considerou o registro falso. Contatou-se a ocorrência de outras tentativas de inserção de dados no cartão. A investigação apura se isso ocorreu por ação de um hacker ou de um servidor público.
Em resumo: ainda não se sabe se Bolsonaro foi vacinado, algo que ele sempre negou e continua a negar. Vinícius perdeu uma oportunidade de ficar calado. Como não ficou, Lula e Janja, sua mulher, se apressaram a divulgar seus cartões de vacinação.
Por que Bolsonaro decretou sigilo sobre seu próprio cartão? Esse é um mistério que dá margem a dúvidas. Teria sido por que se vacinou enquanto recomendava aos brasileiros que se tratassem com base em drogas ineficazes como a cloroquina?
Uma vez, ele deixou-se fotografar oferecendo cloroquina para as emas do Palácio da Alvorada. Foi na época que mandou o Exército fabricar em massa comprimidos de cloroquina. Importante era salvar a economia, morresse quem tivesse de morrer.
A Controladoria-Geral da União resolveu acabar com outro segredo que Bolsonaro gostaria de guardar: o Exército tem 10 dias para liberar o “inteiro teor” do processo que analisou a participação do general Eduardo Pazuello em um ato político.
Pazzuelo foi ministro da Saúde de Bolsonaro. Como militar da ativa, não poderia estar presente em atos políticos de natureza pública – mas esteve, no Rio, em uma motociata encabeçada por Bolsonaro. Depois subiu num palanque e discursou.
O Exército abriu um processo para puni-lo. A maioria dos generais do Alto Comando do Exército era favorável à punição. Mas o comandante da arma arquivou o processo. Por que? Se dependesse de Bolsonaro, só se saberia daqui a 98 anos.
O general já passou para a reserva. Com o apoio de Bolsonaro, elegeu-se deputado federal pelo PL no ano passado. Para a Controladoria, “deve preponderar o princípio da transparência”.
No passado, o Exército alegou que a divulgação do processo não só violaria o direito à intimidade de Pazuello como também ameaçaria o princípio de hierarquia e disciplina das Forças Armadas. Mudou o governo e há um novo entendimento.
Será reavaliado o segredo de 234 processos, sendo 111 relacionados à segurança nacional, 35 à segurança do presidente e familiares, 49 a informações pessoais e 16 a atividades de inteligência.
As orelhas de Bolsonaro estão em brasa.