Quer começar a carreira no exterior? Estes dois países amam brasileiros

“Não estava pensando no país, queria ir para um lugar diferente, a língua ou diferença cultural nunca foi um empecilho. Apenas quando estava indo, no voo já, que caiu minha ficha: eu ia para a Índia”, conta Amanda Bittencourt Peconick.

Em 2015, a graduada em Publicidade e Propaganda embarcou para a Índia pelo programa de intercâmbio de estágio da AIESEC.

Nele, jovens brasileiros podem buscar vagas em empresas do mundo todo. Segundo dados da instituição, a Índia e a Turquia são os dois países que mais contratam estudantes brasileiros.

Após trabalhar por três anos na mesma empresa sem observar crescimento, Amanda buscava oportunidades para ampliar sua experiência. E trabalhar fora do país apareceu como a solução perfeita.

Istambul: uma experiência cultural para crescimento profissional (xavierarnau/Getty Images)

“São países completamente diferentes de tudo o que conhecemos. Os custos de vida na Índia e na Turquia são menores e achamos que, atrelados às diferenças culturais, também acabam fornecendo benefícios de desenvolvimento pessoal, além do currículo”, diz ela.

Antes do melhor ano da sua vida, como Amanda conta, a jornada começou com seu pior mês. Enquanto no Brasil ela nunca comia nada apimentado, agora era impossível escapar do tempero.

Os pratos com curry se tornariam sua culinária favorita, mas outros choques culturais a aguardavam: o modo de trabalho dos indianos e o sotaque em inglês.

“Foi difícil no começo, mas seria igual com qualquer outro sotaque. O sotaque deles é forte, mas falam muito corretamente, fica mais claro para entender com o tempo. Também me adaptei a outros costumes, como balançar a cabeça para os lados para concordar”, comenta.

Em um ano, ela passou por duas empresas e teve uma vivência ampla em áreas contrastantes do marketing, fazendo campanhas offline e com venda de publicidade digital.

Amanda notou que a forma de trabalhar nas agências indianas é diferente do Brasil. Cada pessoa fica responsável por um pequena parte do processo, sem se intrometer na função do outro.

“Eu queria muito aprender de tudo, saber como meu trabalho impactava o outro, mas tive que explicar ao meu chefe que não estava tentando passar por cima de ninguém. Minha curiosidade era vista como ameaça lá. Com uma conversa, isso foi resolvido. No segundo trabalho, era a mesma fragmentação, mas tínhamos um workshop semanal para compartilhar conhecimentos”, fala ela.

Por outro lado, Amanda viu como muito positivo o modo como o indiano valoriza as conquistas no escritório, com comemorações por metas atingidas ajudando-a a se sentir integrada na cultura da empresa.

Ela sentia que estava crescendo e se transformando a todo momento, mas sem saber qual seria o produto final. “A experiência foi muito intensa, pude viver a cultura e trabalhar como eles. A única coisa que não fiz foi dirigir, pois realmente o trânsito lá é caótico”, ela confessa.

O sentimento é compartilhado pela estudante de odontologia, Lubna Rafie Najem. Em seis meses que passou na Turquia,  ela acredita que teve um crescimento pessoal que demoraria dois anos para ter no Brasil.

“O tempo inteiro acontecem coisas para você solucionar. Os desafios se tornam prazerosos de ultrapassar. Mesmo com situações difíceis, você está vivendo algo único. E quando você volta para sua zona de conforto, parece que os desafios de antes ficam mais fáceis”, diz.

Segundo a diretora de relações públicas da AIESEC, uma das grandes vantagens de viajar para destinos pouco convencionais é a grande chance de desenvolvimento profissional e pessoal.

“O currículo seria um primeiro ponto de diferencial, pois são poucas as pessoas que fazem intercâmbio para esses locais. Depois devemos destacar as oportunidades de emprego e crescimento que esses países oferecem, além, do custo de vida ser muito mais barato, quando comparado à países da América do Norte e Europa, por exemplo”, explica ela.

Para Lubna, o intercâmbio era o sonho desde a adolescência, quando sozinha ela pesquisou sobre programas para ir para a Alemanha. No entanto, seu pai não deu autorização para a aventura, naquela época.

Então, em 2017, quando ela passou por uma complicação médica e perdeu um mês de aulas, comprometendo seu semestre, o antigo sonho ressurgiu como uma alternativa para não perder o ano letivo.

O destino foi uma escolha inspirada pelo pai, que, aos 18 anos, viajou a Turquia inteira, e disse para a filha que era seu lugar favorito no mundo. Não houve dúvida quando surgiu a oportunidade para dar aulas de inglês a engenheiros de uma empresa perto de Istambul.

“É a cidade mais incrível que já estive, tudo era uma surpresa boa. Existe um choque de mundos. Você encontra gente de burca e também de shorts curto. Era isso que procurava, queria viver algo diferente. Sou árabe, mas eles falam turco. Era um mundo próximo, mas ao mesmo tempo não”, conta.

No emprego, Lubna diz que construiu uma família dentro do escritório. “O turco tem a cultura de ser um bom anfitrião. Eles sabiam que eu estava vindo de fora e me levavam para almoçar em restaurantes típicos, além de me darem grande flexibilidade para trabalhar. Apesar da empresa ser grande, não havia clima de pressão”, comenta.

No Brasil, ela já tinha experiência como professora de inglês, mas se deparou com novos desafios com seus alunos. Ela não falava turco e eles não falavam inglês. Ela teve que encontrar uma nova estratégia e adaptar suas aulas.

“Tive que reinventar como professora e buscar uma estratégia para cada grupo. Acho que o maior aprendizado foi saber explorar minha capacidade e meu potencial em pouco tempo”, conta.

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