Bittar: “Devemos planejar uma saída paulatina e equilibrada do isolamento social”

A propagação do falso dilema entre vida e economia atende a interesses demagógicos, eleitoreiros e irresponsáveis. Não existe tal oposição na realidade das coisas, apenas nas narrativas oposicionistas. Ludwig von Mises, o grande economista liberal, em seu monumental tratado de economia, Ação Humana, observa que “enquanto tiver vida, o homem não pode deixar de obedecer ao seu impulso básico, o elã vital (…) a razão humana está a serviço desse impulso vital. A função biológica da razão é preservar e promover a vida e adiar a sua extinção tanto quanto possível. (…) O que mais apropriadamente distingue o homem dos demais seres vivos é o fato de conscientemente lutar contra as forças hostis à sua vida.”

Não há dúvidas que devemos conciliar de forma racional e ponderada ações de combate à pandemia e à intensa crise econômica já instalada. Vida e economia estão intrincadas na natureza dos homens. A pandemia está fazendo suas vítimas e a paralização das atividades econômicas causando intenso sofrimento às famílias. Não podemos fingir não saber que haverá um tombo do PIB nacional, o governo projeta queda de 4,7% em 2020, crescimento do desemprego, há projeção de quase 18% neste ano, e aumento exponencial do buraco fiscal, deverá ser multiplicado por dez e alcançar 600 bilhões de reais de déficit primário.

O Congresso Nacional e o Governo Federal estão tomando providências substanciais para proteger o emprego, a renda dos desempregados e autônomos e os investimentos necessários para garantir as despesas extras com o combate à pandemia. São ações e programas que objetivam garantir a vida por meio da saúde e da renda. Há, de fato, um esforço nacional das instituições da República em amenizar as consequências da pandemia e da paralização parcial das atividades.

O próximo passo deve ser o de uma coordenação nacional cooperativa entre os entes federados, os poderes do Estado e representantes da sociedade para planejar a saída paulatina e equilibrada do isolamento social e a retomada das atividades. Evidentemente, deverá haver um esforço dos cidadãos e das empresas em seguir protocolos rígidos de higiene para evitar a propagação do vírus.

A razão nos informa que não é possível manter a economia parada, mesmo que parcialmente, e causar a destruição completa do país. Não podemos aceitar a hipótese tresloucada de multiplicar miséria, desemprego, fome, dor, sofrimento e morte, principalmente, dos mais vulneráveis.

Passada a fase aguda da crise, precisaremos retomar a agenda econômica liberal e reformista avalizada e aclamada pelos brasileiros nas urnas em 2018. Da mesma forma, será preciso retomar a agenda de combate ao crime e aos criminosos. Os brasileiros escolheram democraticamente um governo para retomar a ordem e o progresso do país.

A qualidade do futuro nacional pós-pandemia dependerá da coragem dos homens públicos e da sociedade em apoiar reformas vitais que garantirão minimamente a construção de alicerces de um crescimento saudável e duradouro.

Precisamos retomar a reforma do pacto federativo, a reforma tributária, a reforma administrativa, o programa de privatizações e outras medidas de contenção racional de despesas públicas, de incentivos positivos ao aumento de produtividade, de geração de empregos, de liberdade e desburocratização e da retomada de percentuais razoáveis de investimentos públicos e privados. Precisaremos também avançar no endurecimento das leis e intensificar o combate ao crime. A hora é de grande responsabilidade com a saúde, a economia e a segurança dos brasileiros.

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