Possível covid-19 em macacos no AC vai ser investigado pelo IBAMA e profissionais emitem alerta

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) declarou à reportagem do ContilNet nesta segunda-feira (15) que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve investigar o caso dos macacos da espécie guariba (capelão) encontrados morrendo no interior do Acre com falta de ar.

O caso aconteceu na zona rural do município de Plácido de Castro, neste fim de semana. Um morador do município que estava indo para uma pescaria se deparou com um bando se debatendo no chão.

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O produtor rural Ruan Vítor disse que tentou socorrer os animais, mas que desistiu ao pensar que eles poderiam lhe transmitir alguma doença.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) fez um alerta ainda nesta segunda-feira sobre uma possível contaminação por covid-19. No posicionamento, o órgão pediu para que as pessoas que tiveram contato com os bichos, cumpram isolamento social.

Em seu perfil nas redes sociais, o infectologista Thor Dantas disse que a orientação do ICMBio foi correta. “Corretíssima a orientação dos biólogos do ICMBio. O caçador que teve contato deve ser isolado e observado. É importante a mobilização do centro nacional de primatas do Ministério da Saúde. O caso precisa ser abordado como evento de potencial importância em saúde pública”, explicou o profissional que está na linha de frente do combate à covid.

Outra possível causa

Procurado por nossa reportagem, o biólogo Rodrigo Canizo, mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Acre (Ufac) acredita ser pouco provável uma contaminação pelo vírus, mas que o caso deve ser avaliado criteriosamente.

“Já foram confirmados alguns casos de infecção por coronavírus em animais pelo mundo, mas somente um estudo detalhado pode apontar a causa da morte desses animais. Acho difícil eles terem contraído o vírus sem ter nenhum tipo de contato humano, ainda mais sendo animais totalmente selvagens”, destacou.

Quando questionado sobre a possibilidade de os primatas transmitirem o vírus, Rodrigo acrescentou que “alguns animais por si só já são submetidos a diversos tipos de vírus e outros microrganismos, mas para que estes sejam transmitidos para humanos devem sofrer mutações que permitam esses vírus sobreviver no organismo humano. Sem isso, nada acontece”.

“Provavelmente, deve ser alguma outra causa que provocou a morte desses primatas. Até mesmo asfixia com algum fruto que tenham ingerido pode ter provocado isso, pois são de hábitos frugívoros (se alimentam de frutos). É mais fácil que tenham morrido por comerem algo diferente da alimentação deles”, continuou.

Para o biólogo, o laudo técnico trará com mais precisão a causa da morte.

“É preciso analisar com calma a causa da morte desses animais, aguardar um laudo técnico ou relatório. Só com a autópsia vai ser possível ter a certeza do que causou essa morte”, finalizou.

Coronavírus em animais

Em novembro de 2020, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) anunciou que detectou o vírus Sars-CoV-2 em dois cães que tiveram contato com pessoas positivas para o novo coronavírus.

O primeiro caso de cão positivo no estudo foi de um buldogue francês de Curitiba. O animal dormia com o tutor que estava com a doença e apresentou discreta secreção nasal. O segundo teste realizado no animal já se mostrou negativo.

O segundo caso foi o de um cão adulto sem raça definida de uma tutora que testou positivo para o Sars-CoV-2. Todos os moradores humanos da casa testaram positivo e, dentre os quatro cães da família, apenas em um se confirmou a presença do vírus.

Uma gatinha foi o primeiro pet confirmado como positivo para o vírus no Brasil — o caso também foi identificado pela UFPR.

De acordo com uma reportagem da Revista Abril, “até o momento está claro para os cientistas que casos positivos do novo coronavírus em animais de companhia são raros. E o fato de estar com o vírus não quer dizer que eles fiquem doentes ou sejam transmissores. Por ora, tudo leva a crer que gatos são mais suscetíveis e poderiam transmitir entre si, fenômeno relacionado à semelhança dos receptores celulares para o patógeno entre felinos e humanos. Os cães parecem mais resistentes e não há evidências mostrando que podem passar o vírus entre eles”.

“Os novos dados sedimentam a ideia de que os pets podem ser contaminados por humanos, e não o inverso”, diz outro trecho.

Na China, macacos rhesus que foram identificados com o vírus, apresentaram sintomas parecidos com os apresentados em humanos, como tosses e espirros.

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