O secretário de Produção e Agronegócio (SEPA), Edvan Azevedo, procurou a reportagem do ContilNet nesta terça-feira (9), após a publicação da matéria com o título “Peixes consumidos no AC podem ser a causa da síndrome da urina preta, diz estudo”, para explicar que os alevinos produzidos no Estado são sadios.
A reportagem trata de um estudo que aponta as raças pirapitinga, pacu-manteiga e o famoso tambaqui como possíveis causadores da doença de Haff, também chamada “doença da urina preta”.
“A doença de Haff foi descrita pela primeira vez em 1924 por médicos atuantes na região litorânea de Königsberg, junto à costa do Mar Báltico, que identificaram um surto de uma doença caracterizada por início súbito de grave rigidez muscular, frequentemente acompanhada por urina escura. É considerada uma doença rara, mas há relatos de sua ocorrência em várias partes do mundo associada principalmente ao consumo de pescado de água salgada, mas podendo ocorrer em água salobra e doce”, disse o secretário.
Azevedo destacou ainda que não há nenhum caso associado ao consumo de peixes de cultivo.
“No Brasil, há alguns relatos na área médica de casos dessa doença associada ao consumo de peixes do mar (olho de boi, Seriola ssp.; badejo, Mycteroperca spp.). e também de uma espécie de água doce (pacu manteiga, Mylossoma spp.). Além desses, há um relato dessa doença associada ao consumo de tambaqui (Colossoma macropomum) e pirapitinga (Piaractus brachypomus). Entretanto, os relatos indicam que a totalidade dos casos está relacionada ao consumo de peixes selvagens, capturados no ambiente natural, corroborado pelo fato dos surtos desaparecerem no período do defeso. Não há relato de sequer um caso associado ao consumo de peixes de cultivo”, continuou.
Mesmo não tendo causa comprovada, há suspeitas de que a doença tenha relação com uma toxina produzida por algas.
“Embora os sintomas da doença da Haff sejam bem descritos na literatura médica, até o momento, não há causa comprovada para a origem da doença. Entretanto, a principal suspeita é que a doença possa estar associada a uma toxina produzida por algas, ainda não identificada, mas similar à palitoxina, que se acumularia nos animais aquáticos expostos e concentrados ao longo da cadeia alimentar”, salientou.
Ao final, o técnico acrescentou que os peixes produzidos por piscicultores do Acre passam por todas as medidas sanitárias necessárias e, por isso, podem ser consumidos pela população, de forma segura.
“Portanto, o fato de a doença ser de rara ocorrência e não estar associada ao peixe cultivado demonstra que o consumo de pescado proveniente da piscicultura no Acre é seguro, pois toda a cadeia de produção toma as medidas sanitárias necessários para garantir a alta qualidade do pescado por meio dos cuidados com a qualidade ambiental, a nutrição nas criações até chegar ao consumidor final”, concluiu.