Pelo menos 80% das acreanas acreditam que os estados deveriam fornecer absorventes menstruais para mulheres que não têm condições de comprar. Isto quem diz é um levantamento realizado pelo Instituto Trocando Fraldas que fez um estudo para ouvir mulheres de todo o país acerca do tema “dignidade menstrual”.
Ainda de acordo com a pesquisa, o Acre também se encontra em sexto lugar no ranking de mulheres que acreditam que a menstruação atrapalha na convivência social, ficando atrás apenas do Pará, Distrito Federal, Ceará, Sergipe e Tocantins.
O relatório também evidenciou outro dado curioso: pelo menos 29% de meninas e mulheres passaram por alguma dificuldade para adquirir absorvente em algum momento durante a pandemia de covid-19, e 21% revelaram passar por este problema praticamente todos os meses. A faixa etária mais afetada, inclusive, é dos 18 aos 24 anos.
“Conforme constatamos em nosso mais recente estudo, 46% das brasileiras consideram que a menstruação impacta negativamente a participação social de meninas e mulheres. Principalmente as mulheres dos 18 aos 24 anos, com 49% das entrevistadas”, diz a pesquisa.
O levantamento do Trocando Fraldas foi feito com mais de cinco mil mulheres entre os dias 11 e 19 de outubro de 2021 por meio de formulário na internet.
LEI Nº 3.795
No Acre, já há uma lei sancionada que prevê o fornecimento de absorventes femininos, pelo menos nas escolas públicas do estado. O governador Gladson Cameli sancionou a Lei de nº 3.795, de 27 de outubro de 2021 que também obriga a inclusão destes como itens de higiene.
A decisão, que foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), destacou a importância da lei para que as meninas tenham acesso a estes itens que, por muitas vezes, são inacessíveis com a condição socioeconômica.
“Por meio da presente lei se reconhece que os absorventes higiênicos femininos se constituem como itens de necessidade básica para a saúde e higiene feminina, devendo serem incluídos aos itens de higiene e disponibilizados, gratuitamente, nos banheiros das escolas públicas estaduais”, diz em lei.
O autor do projeto, deputado estadual Chico Viga (Podemos), disse em plenário, após aprovação por unanimidade, que “esse projeto não trata apenas da distribuição de absorventes higiênicos para estudantes, mas, sim, leva dignidade e esperança por um futuro mais justo, igualitário e civilizado”.
POBREZA MENSTRUAL
Segundo pesquisa da Johnson & Johnson Consumer Health em parceria com os Institutos Kyra e Mosaiclab, a pobreza menstrual afeta 28% das mulheres de baixa renda no Brasil, e 40% destas pertencem à faixa etária entre 14 a 24 anos. Um levantamento feito pela Always também constatou que papel higiênico, jornal e miolo de pão são usados no lugar de absorventes, o que pode comprometer a saúde das mulheres.
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Um relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) mostrou também que 713 mil meninas não têm acesso a chuveiro ou a banheiro dentro de casa. Além disto, 4 milhões de meninas não tem acesso a absorventes nas escolas, o que compromete o desempenho escolar, tendo em vista que pelo menos 44% das mulheres conhecem outras que já faltaram aula por conta da menstruação.