Restrospectiva política do Acre: visita de Bolsonaro, rompimentos, eleições e derrota do PT

Dezembro está chegando ao fim e com ele, 2022 o ano em que idas, vindas, brigas, reconciliações, alianças feitas e desfeitas para as eleições 2022 mexeram forte com o tabuleiro político do Acre e do Brasil.

Agora é o momento de relembrarmos os principais fatos que marcaram o ano eleitoral. O ContilNet trouxe a retrospectiva com as notícias que foram destaque no nosso site.

Eleições 2022

Em janeiro, faltando ainda 9 meses para o pleito eleitoral, o cenário da disputa eleitoral já tomava forma. O governador Gladson já confirmava seu nome na disputa pela reeleição.

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A prefeita de Brasileia, Fernanda Hassem, também colocou o seu nome a disposição do seu partido, o PT, para concorrer ao Governo do Acre.  Apesar de ser a prefeita com melhor avaliação no estado e uma das únicas figuras do PT no Acre com mandato, a sigla já sinalizava que o ex-governador e ex-senador Jorge Viana, um dos grandes medalhões e líder do partido, é quem seria o candidato, fato que depois de muitas tratativas se consolidou oito meses depois. Em agosto, ele foi lançado como o candidato majoritário da chapa puro sangue, tendo o ex-prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre como vice, e Nazaré Araújo na disputa pelo Senado.

PT e PSB no AC negam decisão sobre chapa com Jorge e Jenilson

Antes disso, muitas conversas e alianças dadas como certa, como a com o deputado Jenilson Leite, do PSB, mesmo partido de Geraldo Alckimin, o vice-eleito de Lula do PT. Foi essa aliança nacional que abriu portas para a local, mas depois de intensas conversas, os partidos romperam no Acre e Jenilson lançou seu nome para a disputa de senador.

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Mesmo atrás em todas as pesquisas, quem também disputou o Governo foi o senador Sérgio Petecão. Tendo Tota Filho como vice e a deputada federal Vanda Milani para Senado, o candidato “popular”, que antes aliado de Gladson, rompeu com o governador, foi derrotado nas urnas, mas segue seu mandato no Senado e promete ser o elo de ligação entre o Governo do estado e o Governo Lula.

Entre as reviravoltas está o rompimento de Gladson com o sempre fiel escudeiro Marcio Bittar. O imbróglio envolvendo a escolha de sua esposa, a professora Marcia Bittar para compor a chapa majoritária, ocasionou a briga. Em represália, o senador anunciou a sua candidatura e teve pouco mais de 4.700 votos.

Gladson oficializa Márcia Bittar como sua vice – A Crítica do Acre

Também integrando o “time dos rompidos com Gladson”, Mara Rocha, deputada federal e irmã do vice-governador [também rompido com o governador], Wherles Rocha, também foi candidata pelo MDB. O partido quase lançou o vereador Emerson Jarude, que acabou deputado eleito, mas optou por Mara, que teve como vice o pecuarista Fernando Zamora, e foi na chapa emedebista que Marcia Bittar encontrou abrigo e foi lançada candidata ao Senado.

Além destes, o Acre teve mais dois candidatos: o professor Nilson Euclides, do PSol, e David Hall, do Agir. Hall também é professor e chegou a deixar o Solidariedade para não apoiar a candidatura de Gladson.

Ministério Público e Tribunal de Justiça


Em 2022 os poderes também tiveram mudanças em suas gestões. Logo em janeiro, o procurador Danilo Lovisaro foi empossado procurador-geral de Justiça do Acre.  

A nomeação do procurador-geral é de escolha do governador do estado, que decide por um dos nomes na lista tríplice formada por votação entre os procuradores que atendam os requisitos.

Em outubro, a desembargadora Regina Célia Ferrari Longuini foi eleita a nova presidente do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) para o biênio 2023-2025. Ferrari foi eleita por unanimidade junto com o desembargador Luís Camolez como vice-presidente e o desembargador Samoel Evangelista para a Corregedoria-Geral da Justiça

Bolsonaro e Michelle no Acre

Em março deste ano o presidente Jair Bolsonaro cumpriu uma importante agenda no Acre onde fez uma entrega de títulos no estádio Arena da Floresta, beneficiando mais de mil pessoas. A ação foi criticada nacionalmente. O jornal Folha de S. Paulo, afirmou que os títulos não foram registrados em cartório antes da entrega, informação rebatida pelo superintendente do Incra, Sérgio Bayun.

Em outubro, poucos dias antes das eleições gerais de 2022, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também visitou o Acre. Ao lado de diversos políticos, apoiadores e militantes, ela realizou um evento na Maison Borges para fortalecer a então candidatura de Bolsonaro, que concorreu à reeleição.

Partidos

Assim como todo ano eleitoral, 2022 foi um período de grande movimentação nos partidos, que buscavam montar chapas competitivas.

Já em janeiro, o ex-secretário de Segurança Pública na gestão de Tião Viana (PT), Emylson Farias, foi empossado como novo presidente do PDT no Acre, no lugar de Luiz Tchê. Inclusive, o PDT protagonizou embates na composição da chapa. A vereadora Michelle Melo chegou a colocar o nome para disputar Governo do Acre .

Ao fim, mesmo o partido querendo que Melo disputasse uma vaga na Câmara Federal, prevaleceu a vontade da vereadora que acabou eleita deputada estadual.

Quem também mudou de partido foi a ex-prefeita de Rio Branco, Socorro Neri. Ela saiu do PSB para o Progressistas. Prestigiada por Gladson desde quando disputou a reeleição, ela pôde escolher o cargo que disputaria e venceu, como a mais votada, para deputada federal.

Os irmãos Rocha [Mara e Wherles] também trocaram de sigla. Em março, anunciaram a ida para o MDB de Flaviano, já tendo em vista as eleições.

BOLETIM 15 – 15 de março - MDB - Movimento Democrático Brasileiro

De candidato a vice a senador eleito: a saga de Alan Rick nas eleições 2022

Deputado federal em segundo mandato, Alan Rick é o senador eleito do Acre na única vaga. Mas não teve trajetória fácil para isso. Ele já havia sido anunciado como candidato ao Senado, mas em julho foi anunciado como candidato a vice de Gladson, um dos postos mais disputados pelos aliados do governador, que travou uma tentativa – vitoriosa – de reeleição. Foi aí que ocorreu o rompimento de Bittar, que queria a esposa na vaga.

Alan chegou a ser destituído da direção estadual do União Brasil – partido em que ocupava o cardo de vice-presidente – pelo líder da sigla, o senador Marcio Bittar, que se lançou candidato e afirmou à época que se Alan quisesse o Senado, poderia ser o candidato da sua chapa. 

Se antes de ser anunciado como vice, Alan tinha apoio de Gladson, tudo mudou quando a senadora Mailza Gomes foi anunciada na chapa. 

Para Senado, ele também perdeu o apoio. Ney Amorim foi o escolhido pelo governador para concorrer ao Senado pela sua chapa.

Em mais uma eleição, PT amarga derrota no Acre

O PT no Acre amargou, pela segunda eleição seguida, uma grande derrota. Não elegeu nenhum deputado estadual, nenhum federal e nem o candidato ao Governo, Jorge Viana, que obteve 24,29% dos votos, enquanto Gladson teve 56,64%.

Daniel Zen é o atual presidente do PT/Foto: Reprodução

A esquerda, como um todo, perdeu representatividade. Enquanto na Câmara dos Deputados tinha dois representantes – Leo de Brito, do PT, e Perpétua Almeida, PCdoB – , agora ficou sem nenhum. Os dois tentaram a reeleição, mas foram derrotados. Na Assembleia Legislativa, o cenário se repetiu: nem Daniel Zen e nem Jonas Lima, os últimos dos moicanos, voltarão na próxima legislatura. Sobrou da esquerda acreana, em uma das 24 cadeiras da Aleac, o deputado Edvado Magalhães, que vai cumprir mais um mandato.

Nem mesmo quando se trata do cenário nacional a batalha foi fácil para o PT. Lula teve apenas 29,3%, enquanto Bolsonaro teve uma votação superior a 70% em todo o Acre.

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